EUA têm 38 mil brasileiros com ordem de deportação

4cb404a9-american-2618376_1280-1200x675

Nos Estados Unidos, cerca de 1,5 milhão de pessoas enfrentam uma sentença de deportação, sendo 38 mil brasileiros, conforme dados do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) referentes a novembro de 2024. Essas informações, contidas em um relatório do ICE, referem-se a cidadãos estrangeiros que não estão detidos e que já tiveram seu caso analisado por pelo menos um juiz, por terem violado as leis de imigração dos EUA.

Uma pesquisa do Pew Research Center, divulgada em julho de 2024, revelou que, em 2022, havia cerca de 11 milhões de imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos. Desse total, 230 mil eram brasileiros, um aumento significativo em relação à década anterior. O Itamaraty estima que, em 2024, cerca de 2 milhões de brasileiros residiam nos EUA, sem especificar o status legal desses indivíduos.

Em 2024, 1.859 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos, mas, apesar da expulsão, ainda existe a possibilidade de retorno para esses imigrantes. O advogado especializado em imigração, André Linhares, que atua em Miami, esclarece que as 38 mil pessoas nessa situação podem ser detidas e removidas do país. Ele explica que essas pessoas têm uma ordem de deportação formal e já passaram por um processo de expulsão.

A questão da deportação ganhou destaque na última sexta-feira, 24, quando um grupo de 88 brasileiros deportados chegou a Manaus. Vídeos mostraram que muitos estavam algemados, o que contrariava o acordo entre Washington e Brasília. Alguns deportados relataram agressões e maus-tratos durante a detenção, além de condições precárias no voo, como falta de ar condicionado e dificuldade para usar o banheiro.

A diplomacia brasileira defendeu a atualização do acordo de deportação, visando garantir que os imigrantes não sejam algemados ao desembarcar no Brasil. Também pediram que os Estados Unidos investiguem as denúncias de maus-tratos.

No mesmo relatório do ICE, foi explicado que não é possível detalhar todas as razões pelas quais nem todos os imigrantes com ordem de deportação conseguem ser removidos do país. O documento indica que imigrantes podem solicitar recursos contra a deportação, como asilo ou proteção pela Convenção Contra a Tortura, um tratado internacional adotado pela ONU em 1984. Nesse caso, a deportação não é executada.

O ICE também mencionou a falta de cooperação de alguns países na remoção de imigrantes, citando 15 nações, mas o Brasil não está entre elas. O governo dos EUA solicita que os países confirmem a cidadania de seus cidadãos deportados, o que inclui entrevistas, emissão de documentos de viagem e aceitação do retorno via voos comerciais ou fretados, conforme as diretrizes do ICE.

O ex-presidente Donald Trump prometeu realizar a maior operação de deportação em massa da história dos EUA, mas especialistas duvidam que ele consiga expulsar todos os imigrantes em situação irregular. Além das dificuldades operacionais, a remoção em massa teria um grande impacto econômico para os Estados Unidos. De acordo com o American Immigration Council, custaria US$ 315 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhão) para prender, deter e deportar as 13,3 milhões de pessoas que vivem ilegalmente ou sob um status temporário revogável nos EUA.

Durante seu primeiro mandato, Trump deportou 1,5 milhão de imigrantes.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp