Eventos climáticos mais intensos: dados da USP mostram crescimento das chuvas em São Paulo nos últimos anos

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Eventos climáticos ficaram mais intensos na capital paulista nos últimos anos, apontam dados da USP. O Volume das chuvas cresceu a cada ano na cidade, além de haver mais dias com chuva severa. O Crescimento urbano é um dos fatores que contribuem para mudanças climáticas.

Dados levantados pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP) mostram que, ao longo dos anos, cresceu o volume das chuvas registradas na cidade de São Paulo. De acordo com medições feitas na Estação Meteorológica do IAG-USP, entre 1933 e 2023, o acumulado de chuva na capital paulista cresceu, em média, 5.5 mm por ano. Em 2023, o volume acumulado de precipitações foi de 1784.5 mm — mais que o dobro do registrado no início da série histórica, em 1933, quando o acumulado foi de 849.8 mm.

Ao longo das décadas, também cresceu a quantidade de dias em que é registrada chuva severa — quando são registrados mais de 80 mm de precipitação dentro de um único dia. Entre os anos de 1941 e 1950, por exemplo, só houve dois dias em que foram registradas chuvas de mais de 80 mm. Entre 1961 e 1970, foram seis dias. Já entre os anos de 2001 e 2010, 12 dias tiveram registro de chuvas severas. Na última década analisada, que compreende de 2011 a 2019, foram 13 dias.

O professor de Geociências do IAG-USP Edmilson Dias de Freitas explica que o aumento tanto no volume anual da chuva quanto na quantidade de dias de chuvas fortes é esperado em um cenário de crescimento urbano, que é o caso da cidade de São Paulo. A chuva resulta de uma combinação de fatores, como o aquecimento e a umidade.

Já os eventos de chuva severa costumam ocorrer quando esse cenário é combinado com a chegada de uma frente fria. A massa de ar seco da frente fria é mais pesada que o ar, portanto, o ar úmido sobe e forma as nuvens. Quanto mais calor, mais profundas serão as nuvens e, consequentemente, mais intensos serão a chuva e os ventos — uma vez que as correntes de ar também se formam nas nuvens.

A velocidade média dos ventos na capital paulista registrou, em 2023, valores mais altos que a média histórica. Em março, por exemplo, a média histórica é de ventos de 44,2 km/h. Em 2023, a média para esse mês ficou em 57,6 km/h. Já no mês de novembro, que possui a média histórica de ventos de 50,1 km/h na cidade, em 2023, o registro de ventos foi de 75,6km/h.

Um estudo do IAG-USP analisou o cenário climático para a cidade de São Paulo em 2030, levando em conta o crescimento urbano. O estudo conclui que as tempestades devem ser ainda mais intensas, como já é possível perceber nos últimos eventos climáticos. No entanto, é possível que o crescimento populacional não seja acompanhado por um aumento na geração de calor por atividades humanas. Por exemplo, se ele vier acompanhado do uso de vegetação.

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