Áudios registram conversa de ex-assessor da Assembleia Legislativa de Goiás com empresário de São Paulo que teria sido sequestrado a mando do suspeito
Segundo a Polícia Civil, o homem usou o prestígio do cargo para convencer a vítima a viajar para Goiânia com a promessa de uma oportunidade de negócios. Suspeito deve responder por associação criminosa e extorsão qualificada.
Áudios registram conversa de ex-assessor da Alego com empresário de SP sequestrado.
O ex-assessor da Assembleia Legislativa de Goiás, que foi preso após tentar fugir para os Estados Unidos, suspeito de planejar o sequestro-relâmpago de um empresário de São Paulo, chegou a enviar áudios para a vítima antes do crime, alegando que uma pessoa iria buscá-la para tratar de negócios. A conversa foi obtida com exclusividade pela TV Anhanguera.
Em um dos áudios, o suspeito alegou que estava com a gente cheia, mas que passaria o contato de uma outra pessoa que ficaria responsável pelo empresário. Segundo o delegado Samuel Moura, o homem usou o prestígio do cargo para convencer a vítima a viajar para Goiânia com a promessa de uma oportunidade de negócios.
Ao DE, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) informou que, antes do caso, o suspeito já tinha sido desligado do cargo. O homem é suspeito de ter agido como mentor intelectual. Ele foi preso de forma preventiva na quinta-feira (3). O DE entrou em contato com a defesa dele, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
De acordo com a Polícia Civil, o sequestro aconteceu no dia 27 de junho, quando a vítima tinha um encontro marcado com o ex-assessor para tratar de negócios. Segundo a polícia, haviam se conhecido anteriormente durante um evento. O investigador pontuou que o empresário veio a Goiânia à convite do suspeito. “Ele até arcou com parte do valor do hotel onde a vítima se hospedou e, nesse meio tempo, ele já tinha organizado com um dos parceiros que trouxe mais dois indivíduos de Belo Horizonte”, pontuou o delegado.
No dia do sequestro, o empresário seria conduzido por um dos comparsas até o local onde a suposta reunião aconteceria. A Polícia Civil divulgou imagens de câmeras de segurança que registraram o momento em que os suspeitos chegam ao hotel para pegar a vítima.
Conforme a polícia, o homem pediu para que a vítima guardasse a mala no banco do carro ao invés de colocá-la no porta-malas porque, na verdade, um outro comparsa estava escondido no bagageiro do veículo. No trajeto, mais um homem entrou dentro do veículo e, com os três suspeitos a bordo, o sequestro foi anunciado. Segundo a investigação, a vítima teve que fazer transferências bancárias no valor de R$ 6.813,28 para os envolvidos.
Em entrevista à TV Anhanguera, a vítima, que preferiu não se identificar, contou que os comparsas foram extremamente violentos e que recebeu pancadas na costela e coronhadas na cabeça. “Assim que entrou na via, saindo do hotel, uma pessoa saiu do porta-malas. Armado, apontando a arma na minha cabeça. Já puxando meu pescoço e minha camisa. Falando: ‘não se mexe, é um assalto’, e começou a abordar pedindo PIX, celular”, relatou o empresário à TV Anhanguera.
Durante o caminho, os suspeitos se assustaram ao avistarem uma viatura da Polícia Militar e soltaram a vítima, que foi ajudada por um caminhoneiro. Os suspeitos tentavam voltar para Belo Horizonte quando foram abordados pela polícia em Catalão. Na troca de tiros, dois suspeitos morreram, informou Moura.
Segundo o delegado, o suspeito disse em depoimento que pediu para que outros três comparsas, de Minas Gerais, fizessem “pressão” para que a vítima pagasse uma dívida de R$ 500 mil adquirida em transações de Bitcoins. “Ele confessa que atraiu a vítima para cá – Goiás -, que fez o contato com esses autores para colocar ‘pressão’ no empresário e fazer com que ele pagasse a dívida, mas negou que soubesse do envolvimento de armas”, explicou Moura.
O ex-assessor estava sendo monitorado após a denúncia do empresário à polícia. Nas redes, ele compartilhou que estava saindo do país com destino a Miami. “Até breve Brasil, partiu”, escreveu. Após notar a movimentação, a Polícia Federal em Goiás entrou em contato com o Oficialato de Ligação da Polícia Federal em solo norte-americano para que o homem fosse detido no aeroporto e deportado. Ele foi preso de forma preventiva na quinta-feira (3), no Aeroporto de Brasília, ao pousar no Brasil.
O investigador destacou que o suspeito deve responder por associação criminosa e extorsão qualificada. Conforme informado pelo delegado, além do ex-assessor, outras três pessoas são suspeitas de participarem do crime, sendo que duas morreram em confronto com a PM. O terceiro ainda está foragido.