Na delação premiada à Polícia Federal (PF), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro revelou ter visto o ex-presidente editando a “minuta do golpe”, um documento com teor golpista que buscava anular o resultado das eleições de 2022, vencidas por Lula, e dar um golpe de estado para manter Bolsonaro e seu grupo no poder. Segundo Cid, Bolsonaro trocou informações sobre o documento, mas não entrou em detalhes sobre o assunto. A denúncia da Procuradoria-geral da República aponta que foram concebidas minutas de atos de quebra da ordem constitucional, incluindo a decretação do Estado de Defesa.
A defesa do ex-presidente expressou indignação diante da denúncia, reiterando que Bolsonaro nunca compactuou com qualquer tentativa de romper a ordem democrática no país. Cid afirmou em depoimento que Bolsonaro recebeu a minuta do assessor Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad, alegando interferências do Poder Judiciário no Executivo, resultando em medidas extremas como a prisão de autoridades e a realização de novas eleições. O plano incluía a prisão de ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Segundo a delação, Bolsonaro editou a minuta de decreto golpista, deixando apenas dois pontos principais: a determinação de prisão de Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições presidenciais. O plano de golpe não foi consumado devido à resistência do comandante do Exército e da maioria do Alto Comando, que se mantiveram fiéis à defesa das instituições democráticas. A falta de apoio militar foi crucial para impedir a execução do decreto elaborado por Bolsonaro.
Em fevereiro de 2024, a PF encontrou na sede do Partido Liberal (PL) um documento que defendia a decretação de um Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país. O texto, encontrado na sala de Bolsonaro, citava Aristóteles e mencionava a resistência a “leis injustas” como princípio do Iluminismo. A defesa do ex-presidente alegou que ele desconhecia o conteúdo das supostas minutas e que solicitou o documento para leitura. O documento, considerado apócrifo, mencionava a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil.
Em conclusão, as revelações feitas na delação de Cid e as descobertas na sede do PL lançam luz sobre uma possível tentativa de golpe de estado articulada por Bolsonaro e seu grupo. A resistência das instituições democráticas e a falta de apoio militar foram cruciais para evitar a concretização do golpe. A investigação em andamento continuará a buscar esclarecer os detalhes desse episódio que abalou o cenário político do Brasil.