Ex-auditor que pagou R$ 45 mil por certidão de óbito vai ser transferido para prisão de SP, revela Fantástico

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Falsa morte: promotores querem transferir para prisão de SP ex-auditor que pagou R$ 45 mil por atestado de óbito

Arnaldo está preso na Bahia desde a última quarta-feira (15) após uma operação policial; ele vivia em Mucuri desde 2021, enquanto respondia a processos por corrupção. O MP quer que ele seja transferido para algum presídio do estado de SP.

Fantástico mostra como um ex-auditor fiscal de São Paulo armou uma farsa para forjar a própria morte e enganar a justiça

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Os promotores que investigam o caso do ex-auditor fiscal da capital paulista Arnado Augusto Pereira, que pagou R$ 45 mil por atestado de óbito para escapar da prisão por processos de corrupção, vão pedir a transferência dele para uma unidade prisional do estado de São Paulo. Arnaldo está preso na Bahia desde a última quarta-feira (15) após uma operação policial. Ele vivia em Mucuri desde 2021, enquanto respondia a processos por corrupção.

Com medo de ser condenado em definitivo, ele elaborou um plano para escapar. Com isso, viajou cerca de 13 horas de Mucuri até Salvador, duas cidades na Bahia separadas por mais de 900 km, para conseguir uma certidão de óbito.

Ainda segundo o Ministério Público, os promotores também querem saber se outras pessoas estão envolvidas na falsa morte do ex-auditor, entre elas, a mulher dele e o médico que assinou o documento. Além dos crimes anteriores, ele também vai responder por falsificação de documentos. A TV Globo tentou contato com defesa do ex-auditor, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Arnaldo se fingiu de morto para enganar a justiça — Foto: Reprodução/Fantástico

Arnaldo também foi subsecretário de Arrecadação da capital paulista entre 2007 e 2009. Segundo as investigações, nesse período, ele teria recebido cerca de R$ 5 milhões de fiscais que cobravam propina de construtoras. O esquema foi descoberto em 2013 e ficou conhecido como a Máfia dos Fiscais do ISS, que teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão. Além de manter os fiscais nos postos onde ocorriam as cobranças ilegais, Arnaldo recebia uma porcentagem dos valores pagos por empresários envolvidos nos crimes de corrupção. Em 2012, quando atuava como secretário de Planejamento em Santo André, no ABC paulista, ele foi acusado de receber mais de R$ 1 milhão em propina para liberar a construção de um condomínio residencial.

Arnaldo foi condenado a 43 anos de prisão. Nos três casos, ainda cabe recurso — por isso, ele estava em liberdade. Veja abaixo as condenações: 23 anos de prisão no processo da Máfia do ISS; 13 anos pelo caso de propina em Santo André; 7 anos por lavagem de dinheiro, também em Santo André.

“Quando você está no desespero, você não pensa racionalmente”, disse Arnaldo Augusto Pereira.

Arnaldo afirma que pagou R$ 45 mil em dinheiro por uma certidão de óbito verdadeira, emitida por um cartório. “Eu mandei um e-mail. Criei um e-mail da minha esposa. Minha esposa não sabe que eu estou morto”, disse o ex-auditor. O documento foi enviado por um advogado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou a extinção da punição de Arnaldo no caso da propina em Santo André. “O documento tem QR Code. Quando me deram, eu pesquisei e estava tudo normal”, afirmou.

A polícia descobriu que o ex-auditor havia mudado de endereço em Mucuri. A informação era a de que ele estava em Caravelas, cidade vizinha, na casa de parentes. A equipe do Fantástico acompanhou o movimento na casa por dois dias, mas Arnaldo não apareceu. Quatro dias depois, surgiu uma pista: ele teria voltado de Vitória (ES) para Mucuri em uma picape preta. Uma policial disfarçada de corretora tocou a campainha da casa. Ninguém atendeu, mas Arnaldo estava lá. Quando percebeu que a policial havia deixado o local, tentou fugir. Mas outros agentes o aguardavam. “Foi uma atitude de desespero. Eu sei o que eu fiz de errado. Já assumi que estou vivo. Recebi R$ 1,1 milhão em 10 parcelas. Eu me sinto constrangido, mas seria muito mais constrangedor negar. Está bloqueado grande parte do dinheiro”, contou Arnaldo. Segundo os promotores, ele usou a certidão de óbito também nos processos de sequestro de bens.

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