Ex-funcionários da G1 Facilities, que tem ‘dezenas’ de contratos com o governo federal, denunciam ter sido demitidos após cobrança de pagamento de salários atrasados. A empresa é alvo de uma operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (11), por suspeita de fraude em licitações e está envolvida em outras investigações (veja detalhes abaixo).
De acordo com uma ex-funcionária que prefere não se identificar, a G1 Facilities atrasou o pagamento dos salários de dois meses em 2024 e de janeiro deste ano. O “ticket alimentação” também não foi pago no dia correto no primeiro mês de 2025, segundo as denúncias. Os funcionários também reclamam do atraso no pagamento do FGTS.
“[A empresa] mandou e-mail, falando que o ministério [dos Direitos Humanos e da Cidadania] não tinha pago [o repasse das licitações]. O ministério falou que tinha pago, sim. Ela [a empresa] é que não estava repassando”, diz a ex-funcionária.
O G1 questionou o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) sobre as denúncias, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A G1 Facilities também não se manifestou.
Mesmo questionando o motivo das demissões, os funcionários não recebiam uma justificativa e eram obrigados a assinar o documento, apontam os relatos.
No último dia 30, o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Distrito Federal (Sindisep-DF) protocolou um ofício no MDHC, solicitando que a pasta tome as providências cabíveis para a recontratação dos trabalhadores demitidos.
Em seu site, a G1 Facilities se apresenta como uma empresa de engenharia de manutenção. Desde 2009, são oferecidos serviços de brigada, recepção e portaria, manutenção, copa e garçom, e conservação e limpeza.
Policiais federais cumpriram mandados no Distrito Federal nesta terça-feira (11) contra empresas suspeitas de terem agido para fraudar licitações. A investigação, segundo a PF, mira “dezenas de contratos vigentes com a Administração Pública, incluindo um contrato com a própria Polícia Federal”.
A TV Globo apurou que a empresa alvo dos mandados é a G1 Facilities – que venceu uma concorrência recente, de R$ 321 milhões, para prestar serviços gerais ao governo federal.
A licitação previa a contratação de 1.216 funcionários terceirizados por um período de três anos, e era a maior concorrência já feita para esse tipo de serviço. O Ministério da Gestão e Inovação, no entanto, desclassificou a G1 da competição apontando dois fatores: uso indevido da desoneração da folha de pagamentos para reduzir o preço ofertado na licitação – já identificado pela Controladoria Geral da União (CGU) em contratos anteriores; falta de indícios de que a G1 teria capacidade em arcar com os custos para a prestação do serviço.
A G1 também é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por, supostamente, estar registrada em nome de “laranjas”.
Essa investigação foi aberta em 2024, após presos fugirem do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN). A G1 prestava serviços de manutenção para a unidade e, após a fuga, os contratos envolvendo o presídio foram reexaminados.