Mandetta diz ”Brasil é um barril de pólvora. Bolsonaro quer fumar”

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou em entrevista ao portal Metrópoles que “praticamente a totalidade dos que foram fazer uma intervenção militar no Ministério da Saúde não tinham preparo para o assunto”. “Os militares não são cúmplices, são coautores”, disse.

Mandetta ainda diz que a uma relação direta e burra das ocupações militares em volta da vacinação “Há uma relação direta entre a estúpida ocupação militar [do Ministério da Saúde] e as morte causadas pelo Coronavirus que podiam ter sido evitadas, os militares não são cúmplices, são co-autores”, disse ele. ” “No episódio desse Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, eu só escuto coronel fulano, general não sei o quê. Eles são os responsáveis, sim. Eles mandaram membros da ativa do Exército para cumprir essa missão. E me parece que essa missão está eivada de vícios”disse Mandetta.

A declaração acontece em um contexto de crise entre militares e o Senado, após o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), criticar o envolvimento de membros da categoria em denúncias de irregularidades feitas à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o gerenciamento da pandemia.

O ex-ministro viu as notas militares como uma ameaça para rebater ao presidente da CPI. Mandetta chamou a manifestação de “desproporcional e extremamente agressiva ao Senado da República. “Isso é uma ameaça. O Brasil é um barril de pólvora com álcool, palha e gasolina. Bolsonaro quer fumar. Ele diz todos os dias que não haverá eleições e que a urna não está boa. Esse é o meu exército”, disse.

O senador Aziz afirmou que “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia”. “Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo, fazia muitos anos”, acrescentou ele, na quarta-feira (7).

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos