Ex-policial federal chefiou esquema de tráfico de fuzis por 7 anos; veja mais detalhes
A Polícia Federal, em uma investigação minuciosa, descobriu que um ex-policial federal aposentado, conhecido como “Senhor do Senhor das Armas”, liderou um esquema de tráfico de fuzis por sete longos anos, de 2011 a 2018. Este indivíduo foi identificado como Josias João do Nascimento. Em julho de 2018, Frederick Barbieri, que era considerado o principal responsável pelo esquema, foi condenado pela Justiça americana.
Josias foi o alvo central da Operação Cash Courier, promovida pela Polícia Federal nesta quinta-feira (20), com a realização de 14 mandados de busca e apreensão. De acordo com as investigações, a quadrilha chefiada por Josias e Barbieri enviou cerca de 2 mil fuzis dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro, em um esquema altamente organizado.
Frederick Barbieri era apontado como funcionário de Josias, revelando a conexão estreita entre os dois. O modus operandi do tráfico de fuzis era bastante elaborado:
A maior parte dos fuzis era adquirida em Orlando, na Flórida, onde existem aproximadamente 120 lojas de armas;
As peças eram ocultadas em equipamentos pesados, como motores, aquecedores de piscina e aparelhos de ar condicionado;
A carga era embarcada em aviões, com Frederick supervisionando a logística;
Uma grande quantidade desse arsenal chegava ao Terminal de Cargas do Galeão, no Rio de Janeiro;
Uma vez em solo fluminense, as encomendas eram destinadas aos compradores, sendo a maioria destinada ao Comando Vermelho, embora a quadrilha estivesse disposta a vender para qualquer interessado;
O dinheiro proveniente das vendas das armas era distribuído e “lavado” por uma rede relacionada a Josias.
A investigação teve início com a apreensão de 60 fuzis no Aeroporto do Galeão em 2017, incluindo AK-47 e AR-10, armas de uso exclusivo de tropas especiais. Os fuzis de guerra chegaram em junho de 2017, vindos de Miami pelo Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, escondidos dentro de aquecedores de piscina. Essa foi uma das maiores apreensões de armas já realizadas no país, culminando na prisão de quatro indivíduos.
Uma operação posterior, em fevereiro de 2018, resultou na localização de 52 fuzis em um galpão alugado por Barbieri em Vero Beach, na Flórida. Além dos fuzis, foram encontrados 2 mil projéteis e material de empacotamento. Barbieri foi preso em sua residência pela ICE, agência de imigração e alfândega dos EUA, e posteriormente condenado a mais de 12 anos de prisão.
O tribunal federal de Miami considerou Barbieri culpado por diversas atividades ilegais, incluindo posse de armas com numeração raspada, envio de pacotes contendo armas para intermediários sem informar o conteúdo e tráfico internacional de armas, acessórios e munição do Estados Unidos para o Brasil. Além da pena de prisão, Barbieri teve cerca de US$ 9,6 milhões confiscados pela Justiça americana.