Ex-secretário e traficante tinham ‘acordo espúrio’, denuncia Ministério Público

Ex-secretário e traficante tinham ‘acordo espúrio’, diz Ministério Público

Segundo Gaeco, Raphael Montenegro e Abelha combinaram a volta para a casa do
criminoso em troca de liberação do então titular da Administração Penitenciária
de fazer campanha em comunidades dominadas pela facção criminosa.

O Ministério Público estadual do RJ apresentou denúncia, nesta sexta-feira (20),
à Justiça contra Raphael Montenegro, ex-secretário de Administração
Penitenciária.

De acordo com o MP, foi Raphael Montenegro que comandou, pessoalmente, a soltura
do traficante Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, conhecido como Abelha, apontado
pela polícia como um dos chefes da facção Comando Vermelho.

O ex-secretário e o traficante foram denunciados por corrupção. Quando deixou a
cadeia, Abelha tinha um outro mandado de prisão a cumprir.

A reportagem do RJ2 não teve retorno da defesa de Raphael Montenegro.

No dia 27 de julho de 2021, Abelha saiu caminhando do Complexo de Gericinó, em
Bangu, na Zona Oeste do Rio.

No meio do caminho, o criminoso para e cumprimenta com um aperto de mão alguém
que está no interior do veículo. Segundo o Ministério Público estadual, quem
está dentro do carro era Raphael Montenegro, então secretário estadual de
Administração Penitenciária.

O MPRJ denunciou o ex-secretário da Seap e o traficante Abelha por corrupção. A denúncia informa que Raphael Montenegro sabia dos problemas de Abelha com a
Justiça.

O Ministério Público destacou que havia “um acordo espúrio” entre Raphael Montenegro e Abelha, possibilitando a Raphael fazer propaganda eleitoral e angariar votos nas
comunidades chefiadas por Abelha.

Segundo o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/ MPRJ), a soltura de
Abelha fez parte de uma grande troca de favores entre o traficante e o
secretário.

A denúncia fala de um acordo espúrio entre ambos, permitindo a Raphael
Montenegro fazer propaganda eleitoral nas comunidades chefiadas pelo Comando
Vermelho com o apoio de Abelha.

Um ano depois desse dia, em que o traficante saiu andando da cadeia, o
secretário foi candidato a deputado estadual.

Conversas em aplicativos de mensagens comprovam o apoio político do traficante
ao secretário.

Em um desses áudios, obtidos com a autorização da Justiça, Dulcinéia, mãe do
traficante Abelha, conta como foi uma visita que recebeu do então candidato
Raphael Montenegro.

Dulcinéia fala com seu filho Nilton (irmão de Abelha), mencionando que
Raphael a beijou, deixando evidente a proximidade do ex-secretário e a família.
Dulcinéia menciona a Nilton que agradeceu ao ex-secretário por tudo que fez pelo
seu filho.

De acordo com o MP, Dulcinéia conta detalhes da visita e diz que Raphael a
beijou, deixando evidente a proximidade do ex-secretário e a família.

A mãe de Abelha ainda agradece ao secretário por tudo o que fez pelo seu filho.

Raphael Montenegro chegou a ser preso no início das investigações, mas
foi solto 5 dias depois e no ano seguinte lançou normalmente a candidatura pelo PSC.

Mesmo com o apoio do traficante e da família, Raphael Montenegro teve 3.737
votos e não teve direito a uma cadeira de deputado estadual na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro.

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Daniel Silveira Deixa Prisão com Tornozeleira: Conheça as Condições da Liberdade Condicional

Daniel Silveira deixou a Colônia Agrícola Marco Aurélio Vergas Tavares de Mattos em Magé, Rio de Janeiro, usando uma tornozeleira eletrônica, conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). A liberação do ex-deputado ocorreu após cumprir um terço da pena de oito anos e nove meses de prisão por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a autoridades e instituições. Além disso, seu bom comportamento na prisão e desempenho no regime semiaberto contribuíram para a concessão da liberdade condicional.

Com a liberdade condicional, Daniel Silveira terá que cumprir diversas medidas estabelecidas pelo ministro, como o uso contínuo da tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e nos fins de semana, proibição de se ausentar de sua comarca, comprovação de trabalho, comparecimento semanal ao Juízo das Execuções Penais, entre outras restrições. Ele também está proibido de utilizar redes sociais, conceder entrevistas sem prévia autorização judicial, possuir ou portar armas de fogo e de manter contato com Jair Bolsonaro e outros investigados por suposta tentativa de golpe.

Daniel Silveira estava detido desde fevereiro de 2023, logo após o término de seu mandato como deputado federal, e foi condenado em 2022 por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte. Sua prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que também havia estabelecido medidas cautelares, como o uso da tornozeleira eletrônica e a proibição de uso de redes sociais, sendo a liberação condicional uma decisão posterior baseada no cumprimento parcial da pena e bom comportamento.

A trajetória de Daniel Silveira envolve um histórico de polêmicas e conflitos com autoridades, culminando em sua condenação e posterior libertação condicional. As restrições impostas durante o período de liberdade condicional visam garantir o cumprimento das medidas determinadas pelo STF e a manutenção da ordem social, evitando possíveis reincidências de comportamento que levaram à sua prisão anterior. Resta aguardar como o ex-deputado irá se adaptar às novas condições e obrigações impostas pela justiça.

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