Após a morte de uma paciente em um hospital psiquiátrico, uma ex-usuária compartilhou seu trauma e terror vivenciados na unidade de saúde. Essa ex-paciente relatou que evitava expressar emoções para não interferir em sua alta. Ela descreveu a experiência no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), localizado no Distrito Federal, como sendo tratada como louca, mesmo sem ter tal condição.

No ano de 2023, aos 20 anos, a ex-paciente foi internada devido a um grave quadro de depressão e decidiu tornar pública sua experiência após a morte da paciente Raquel de Andrade, de 24 anos, no mesmo hospital. As duas chegaram a estar internadas juntas por um período, e a ex-usuária ficou chocada ao saber da morte de Raquel, uma pessoa bastante conhecida na instituição.

A ex-paciente, que preferiu não revelar sua identidade, mencionou que enfrentava pensamentos suicidas e foi aconselhada pela psiquiatra a permanecer no hospital. No entanto, sua estadia não correspondeu ao que lhe foi prometido. Ela descreveu o momento em que foi amarrada à maca, mesmo estando plenamente consciente, como uma das situações mais marcantes de seu período na unidade.

Durante sua internação, a jovem recordou que os profissionais de saúde a ameaçaram com uma injeção caso não parasse de chorar e gritar. Além disso, ela compartilhou que, ao mencionar sua idade, foi alvo de comentários desrespeitosos sobre sua situação. A ex-paciente relatou também a convivência com uma jovem autista de 18 anos, a quem ela sentiu que não estava recebendo o cuidado adequado.

A precariedade das condições do HSVP veio à tona recentemente, após a morte de uma paciente durante uma crise. O caso despertou críticas quanto à falta de transferência da paciente para outra unidade de saúde da rede pública e à falta de monitoramento adequado após a aplicação de medicação. A Secretaria de Saúde do DF informou que a morte está sob investigação do Instituto Médico Legal e ressaltou o compromisso em seguir as normas de segurança do paciente e proteção dos direitos humanos.

Diante desse triste episódio, a Secretaria de Saúde anunciou a criação de um Grupo de Trabalho para desenvolver um Plano de Ação visando a desmobilização dos leitos psiquiátricos no Distrito Federal, incluindo os no HSVP. A preocupação com a segurança e o respeito aos direitos dos pacientes é uma prioridade para a pasta, que se compromete a seguir as normativas nacionais e internacionais. A voz das vítimas e a garantia de um ambiente adequado para a recuperação e tratamento são fundamentais para evitar tragédias como essa.