Ex-Vasco e Cruzeiro, Pablo revive emoção de quando jogou no Camp Nou e revela
trote de Romário
Ex-lateral enfrentou craques na Espanha nos tempos de Málaga e hoje é técnico em
time sub-15 da segunda divisão mineira
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Romário [https://s03.video.glbimg.com/x240/14037642.jpg]
Ex-Vasco, Pablo revive emoção de quando jogou no Camp Nou e revela trote de
Romário
“Pai, a gente venceu”. Foi esta a frase que Pablo disse ao pai por telefone
quando parou no centro do gramado do mítico Camp Nou antes de um jogo entre
Barcelona e Málaga, clube pelo qual atuava. A emoção do mineiro de São João de
Nepomuceno era de quem havia realizado um sonho de criança, de jogar na Europa.
Revelado pelo Vasco, ele estava em uma liga com jogadores como Messi, Cristiano
Ronaldo, Henry, Benzema, Eto’o, Kaká, entre outros.
Dos 15 anos de carreira na lateral direita e no meio de campo até chegar à beira
do gramado, Pablo colecionou memórias e conquistas pessoais e profissionais, que
compartilha com o ge [https://ge.globo] nesta reportagem. Atualmente, o
ex-jogador, que também teve boa passagem no Cruzeiro, comanda a garotada de um
time sub-15 na segunda divisão do Mineiro.
Pablo construiu a vida no futebol e se orgulha disso. Trote no vestiário do
Vasco que teve Romário como protagonista, jantar com uma lenda do Real Madrid,
encontro com estrelas do Barcelona são algumas das histórias vividas na
carreira.
Com um golaço, Pablo marcou apenas uma vez com a camisa do Vasco: contra o
Sport, em 2008 [https://s03.video.glbimg.com/x240/853734.jpg]
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E se uma das formas de eternizar momentos é não se afastar totalmente deles, o
ex-jogador tem feito bem a lição de casa. Desde o começo de 2025, Pablo se
tornou Pablo Barros, treinador do Sport Club Juiz de Fora, na categoria sub-15.
De acordo com ele, estar perto do que ele ama foi uma escolha de vida.
> “Com certeza esta escolha renova essa paixão e é uma maneira de continuar no
> futebol de alto rendimento, lugar onde estou desde 11 anos”.
DO TROTE DO BAIXINHO NO VASCO AO SONHO EUROPEU
Só que antes de falar do presente, Pablo volta ao passado que proporcionou a ele
chegar onde ele está hoje. E o início, apesar de promissor, não foi dos mais
fáceis. Revelado pelo Vasco, o lateral-direito subiu para o time profissional
entre 2007 e 2008, ano em que o time amargou o primeiro rebaixamento à Série B
do Brasileiro.
Para o jogador, que só fez 19 partidas pelo time carioca, os culpados pela
derrocada do time naquele ano estavam fora de campo.
> “Eu subi para o profissional em 2008 e peguei um ambiente político muito
> conturbado. Roberto Dinamite lutava para entrar na presidência e Eurico
> Miranda estava na briga para não sair. O clima no clube era de muita tensão”.
— No profissional eu joguei apenas 19 partidas e fui negociado com o Zaragoza.
Quando saí, estávamos em sétimo lugar no Brasileiro. Quando voltei no final do
ano para passar férias, o clube estava rebaixado. Não vivi o ambiente de
rebaixamento, pois quando saí estávamos bem, mas vivi o ambiente político muito
agitado e acredito que tenha influenciado em campo. Uma pena, pois sou vascaíno
e é o clube que me formou como homem e atleta — lembrou.
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1 de 8 Romário foi protagonista no “trote” dados pelo elenco do Vasco na chegada
de Pablo ao profissional — Foto: Shaun Botterill / Getty Images
Romário foi protagonista no “trote” dados pelo elenco do Vasco na chegada de
Pablo ao profissional — Foto: Shaun Botterill / Getty Images
Apesar da temporada ruim do clube carioca, Pablo guarda com carinho a chegada ao
profissional. No ano anterior, quando passou a frequentar o vestiário da equipe
principal, Pablo chegou a conviver com Romário.
Como todo bom novato, o lateral-direito levou um “trote” do elenco, que teve
justamente o Baixinho como protagonista.
Leia as notícias do Vasco
[https://ge.globo.com/futebol/times/vasco/]
— Em um dos meus primeiros treinos no profissional, me mandaram ir para o
vestiário. Quando cheguei, estavam todos sentados esperando o treinador falar.
Os armários não tinham nomes, nem foto. Então sentei em um armário que estava
vazio. Passou um tempo, ele chegou. Depois percebi que aquele armário bem
centralizado estava vazio e comecei a pensar no porquê. Era o armário dele. Os
jogadores não falaram nada — explicou Pablo, continuando a relembrar o caso:
— Ele entrou, sorriu e falou ‘Chegou bem no profissional, hein moleque?’. Todos
riram no vestiário, e ele completou: ‘Então, levanta!’. Levantei, pedi desculpas
e sentei no chão. Ele não aceitou e mandou eu sentar em outro armário e ainda
brincou com o grupo falando que eles foram traíras comigo de não me avisar. Foi
tudo bem descontraído e no final ele me falou “‘Bom treino, seja bem-vindo’.
Fiquei extremamente feliz.
Negociado com o Real Zaragoza, Pablo chega à Espanha jovem, com apenas 19 anos.
Pouco após a negociação, o jogador é emprestado ao Málaga, onde vive uma
temporada muito boa com a equipe entre 2008 e 2009.
— Minha chegada à Espanha já foi, por si só, a realização de um sonho. Poder
viver aquele momento e jogar contra os melhores clubes e jogadores do mundo foi
algo marcante e inesquecível. Enfrentar nomes como Messi, Eto’o, Henry, Xavi,
Iniesta, Sérgio Ramos, Robben… se eu fosse citar todos, ficaríamos aqui por um
bom tempo.
2 de 8 Ex-Vasco e Cruzeiro, Pablo Barros chegou ao Málaga em 2008 — Foto:
Málaga/Divulgação
Ex-Vasco e Cruzeiro, Pablo Barros chegou ao Málaga em 2008 — Foto:
Málaga/Divulgação
— Naquele ano, fui emprestado ao Málaga para disputar a La Liga. Fizemos uma
campanha extraordinária e terminamos em 8º lugar, algo histórico para o clube —
completou.
OS “CAUSOS” EM LA LIGA
Natural da pequena São João Nepomuceno, cidade que fica na Zona da Mata mineira
com cerca de 26 mil habitantes, Pablo literalmente viu um mar se abrir à frente
dele na chegada ao futebol espanhol e uma das ligas mais importante do mundo.
A oportunidade de enfrentar Barcelona, Real Madrid e diversos atletas de
qualidade e fama indiscutíveis no Campeonato Espanhol fez a ficha cair rápido.
O lateral-direito afirma que o primeiro momento marcante que viveu foi na
Catalunha, na primeira vez dele no Camp Nou. Ele conta que não pensou duas vezes
no que fazer quando entrou no campo de jogo, antes da partida entre Barcelona e
Málaga.
3 de 8 Pablo ligou para o pai Claudinei de dentro do gramado do Camp Nou — Foto:
REUTERS/Albert Gea
Pablo ligou para o pai Claudinei de dentro do gramado do Camp Nou — Foto:
REUTERS/Albert Gea
— Deste momento que nunca vou me esquecer: antes do jogo contra o Barcelona, no
Camp Nou, fui até o círculo central, peguei o celular e liguei para o meu pai,
lá em São João Nepomuceno. Disse a ele: ‘Pai, a gente venceu!’ Aquele instante
foi de uma emoção imensa para mim e para toda a minha família. Era o sonho de um
menino do interior se tornando realidade, ali, diante do mundo.
Na temporada 2008/2009, o Málaga de Pablo chegou em oitavo em La Liga. Foram 55
pontos, com 15 vitórias, 10 empates e 13 derrotas.
Veja a tabela do Campeonato Espanhol
[https://ge.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-espanhol/]
Em seguida, Pablo foi para o Nástic, time que disputava a segunda divisão do
Espanhol. Apesar de ter sido a experiência menos atraente dele no país, a
passagem do jogador pela equipe da Catalunha guardou uma surpresa inesquecível.
4 de 8 Pablo conheceu e jantou com Sérgio Ramos nos tempos de Espanha — Foto:
AFP
Pablo conheceu e jantou com Sérgio Ramos nos tempos de Espanha — Foto: AFP
— Tinha um companheiro de clube chamado José Mari. Ele um dia me chamou para
jantar em um lugar onde um primo iria cantar. Chegando lá, descubro que o primo
“cantor” era simplesmente o Sérgio Ramos, zagueiro do Real Madrid. Para quem não
sabe, Sérgio também é cantor e já gravou alguns álbuns lá na Espanha. Rimos
muito disso e pude conhecer um dos maiores zagueiros do mundo na posição –
destacou, ressaltando o interesse dele sobre o Brasil:
— Ao final do show dele, jantamos juntos e conversamos bastante. Ele é um cara
muito legal e ama o Brasil. Quis tirar várias dúvidas sobre o nosso país.
Outro momento marcante para Pablo foi no Camp Nou, na partida contra o
Barcelona, no mesmo dia em que ligou para o pai. Uma coincidência permitiu que o
brasileiro não só enfrentasse os jogadores do time catalão, mas também deu a
oportunidade para que ele conhecesse os ídolos.
5 de 8 Pablo se surpreendeu com estatura de Thierry Henry — Foto: Getty Images
Pablo se surpreendeu com estatura de Thierry Henry — Foto: Getty Images
— Daniel Alves e eu tínhamos o mesmo empresário, na época o Eduardo Uram. Liguei
para ele e pedi que avisasse ao Daniel que queria conhecê-lo. No túnel do jogo
ele veio me cumprimentar e me levou, minutos antes do jogo, a conhecer todos os
jogadores do Barcelona. Me apresentou um por um. Fiquei muito impressionado em
conhecer o Henry, pois não sabia que ele era tão alto. O Samuel Eto’o também me
impressionou, fala muito bem português e conversamos um pouco. Foi muito legal,
outro sonho realizado — relembrou.
BOA PASSAGEM POR MG E SAUDADES DO CRUZEIRO DE 2010
No meio da trajetória na Espanha, Pablo foi emprestado ao Cruzeiro em 2010 e
teve um dos principais momentos deles como jogador. Sob a batuta de Cuca, o
lateral-direito teve espaço e era peça importante da Raposa, chamado na época de
“Barcelona das Américas” pelo futebol jogado e pelas goleadas aplicadas na
temporada, sobretudo na Libertadores.
Confira as notícias do Cruzeiro
[https://ge.globo.com/futebol/times/cruzeiro/]
Ele lamenta que a equipe não tenha conquistado os principais títulos do ano, mas
lembra com carinho dos tempos no time celeste:
— Naquele ano eu fui o jogador que mais jogou na Libertadores, mais até que o
Fábio, goleiro. Fui titular e joguei todos os jogos. Infelizmente em um jogo
atípico, fomos eliminados pelo Once Caldas dentro de casa, mas conseguimos ser
campeões no Campeonato Mineiro. Minha passagem pelo Cruzeiro foi ótima e no final
do contrato, o Zaragoza me pediu de volta.
Pablo voltaria a Minas Gerais para ser campeão estadual mais uma vez. Em 2016,
ele ergueu a taça pelo América-MG, outro momento que ele considera especial:
— Em 2016 vivemos algo incrível. Eram 16 anos sem ganhar o Estadual. Aí o
América vence Cruzeiro na semi e Atlético na final, para não deixar dúvidas de
que merecíamos ser campeões naquele ano.
Confira as notícias do América-MG
[https://ge.globo.com/futebol/times/america-mg/]
Pablo foi muito bem no Fortaleza — Foto: Leonardo
Moreira/Divulgação/Fortaleza
Pablo foi muito bem no Fortaleza — Foto: Leonardo Moreira/Divulgação/Fortaleza
Depois do Coelho, Pablo viveu o último grande momento de destaque na carreira no
Fortaleza, onde participou do processo de ascensão do Leão do Pici no cenário
nacional, com os acessos na Série C e B do Brasileirão.
— Minha passagem no Fortaleza foi marcante também. Cheguei ao clube em um
momento conturbado e desacreditado. Saí da primeira divisão do Campeonato
Brasileiro para jogar a Série C. Meu empresário não queria que eu fosse.
Conversei com minha esposa e aceitamos o convite. Depois de nove anos de
tentativas do clube, subimos da Série C para a Série B do Brasileiro. Joguei
todos os jogos dessa campanha.
Ex-lateral Pablo Barros em encontro com Vojvoda, quando treinador ainda estava
no Fortaleza — Foto: Reprodução/Instagram
Leia as notícias do Fortaleza
[https://ge.globo.com/ce/futebol/times/fortaleza/]
— A temporada 2018 era a do ano do centenário do clube e chegou Rogério Ceni.
Fui um dos três capitães do grupo. Foi outra campanha histórica: subimos com
mais de três rodadas de antecedência e fomos campeões da Série B. Tem fotos
minha espalhadas pelas paredes do clube e o reconhecimento de todos. Isso não
tem preço.
Pablo, que atuou com jogadores como Edmundo, Loco Abreu, Ricardo Oliveira, Diego
Milito, Obina, Leandro Amaral, Borges e Souza Caveirão, também teve passagens
por clubes como Olaria, Figueirense, Bahia, Tombense, Mogi Mirim, Botafogo-PB,
São Bento, Operário-PR, Oeste e Betim.
NOVO CICLO, AGORA COMO TREINADOR
De volta ao presente, Pablo decidiu seguir no futebol, só que agora à beira do
campo. E nada melhor que começar pelo início. Pablo Barros é treinador do time
sub-15 do Sport Club Juiz de Fora na segunda divisão do Campeonato Mineiro da
categoria. Além disso, ele coordena a base alviverde no Periquito.
Com uma campanha quase impecável na primeira fase — nove vitórias e um empate em
10 partidas —, Pablo se diz muito feliz com o novo momento como treinador e diz
que nada foi por acaso.
Treinador conduziu o Periquito à liderança na primeira fase. Time está no
Octogonal Final da segunda divisão do Mineiro sub-15 — Foto: Marcelo Costa/Coast
FC
— Essa transição não foi do nada.