Ex-vereador denuncia venda ilegal de imóvel doado pela Prefeitura

Reprodução

Um imóvel doado pela Prefeitura de Formosa para uma Associação de cuidados de Idosos acabou envolvido em uma transação suspeita, resultando em uma série de investigações e polêmicas na cidade goiana.

Recentemente, uma ordem judicial no processo 5072641-97.2024.8.09.0044 teria exigido que o Cartório local interrompesse as transações realizadas sob sua supervisão em relação aos lotes doados pela Prefeitura. Supõe-se que, apesar de possivelmente estar ciente de irregularidades, o Cartório tenha registrado diversos imóveis de forma inadequada em Formosa-GO.

Especula-se que o foco principal dessas ações seria a venda e aquisição de lotes em uma área altamente valorizada da cidade, onde, supostamente, pelo menos três ações populares resultaram em decisões judiciais que possivelmente proibiriam o uso dos terrenos, sob ameaça de multa.

Em 1993, a Prefeitura de Formosa-GO doou seis terrenos para uma Associação sem Fins Lucrativos com o objetivo de estabelecer um Abrigo para Idosos. No entanto, o abrigo nunca foi construído nem prestou assistência aos idosos da região. Assim, esses terrenos deveriam ser devolvidos à Prefeitura.

Após alguns anos, um cartório permitiu a venda dessas propriedades para uma empresa privada. De acordo com o processo, cada lote foi avaliado em R$ 192 mil reais, no entanto, foram vendidos por pouco mais de R$ 77 mil reais. Após uma contestação legal, um Juiz determinou o bloqueio das vendas e proibiu qualquer atividade de construção, reforma ou transferência desses terrenos.

Segundo o autor da ação, o ex-vereador Wenner Patrick Sousa, esses lotes foram doados para uma entidade para construir um lar de idosos. A entidade teria inclusive feito campanha para iniciar a construção do abrigo entre os anos de 2016 a 2017, mas o ex-presidente da instituição teria falido e contraído diversas dívidas. “O ex-presidente dessa instituição, fez essa venda totalmente ‘imoral’ de uma coisa que era pública. Aproveitou o conhecimento, a amizade com pessoas influentes, de pessoas do cartório municipal para poder fazer essa venda e foi feita a venda para particular” disse.

Segundo Wenner a empresa em questão teria conseguido regularizar três lotes rapidamente junto aos órgãos públicos e feito as matrículas no Cartório local em um tempo excepcionalmente curto. Ainda de acordo com ele, há indícios de que pessoas influentes estariam envolvidas no caso, sendo estas ligadas ao proprietário do cartório.

Para o ex-vereador os questionamentos surgiram sobre o conhecimento prévio do cartório em relação à origem do imóvel e ao destino planejado para ele. “Esses fatos levantam suspeitas sobre uma possível influência do juiz na transação, dada sua relação próxima com o Tabelião”, destacou Patrick.

Inclusive segundo relatos do autor da ação, outro caso de possíveis alterações propositalmente feitas em documentos veio à tona, envolvendo o registro de um imóvel com assinaturas falsificadas, representado pelo mesmo advogado que defendia os interesses de pessoas influentes no caso.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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