Coordenador de Saúde do São Paulo admite excesso de lesões durante os jogos: “Média está alta”
Em painel no fim de semana, o coordenador Felipe Marques apresentou dados e
explicou a metodologia; problemas físicos em treinos são considerados baixos
A lesão do lateral-esquerdo Wendell nos dez primeiros minutos do jogo em que o São Paulo perdeu por 2 a 0 para o Grêmio, pelo Brasileirão, aumentou uma estatística que preocupa o departamento de Saúde e Performance do clube: o excesso de lesões ocorridas durante os jogos do Tricolor.
Segundo os dados apresentados pelo coordenador Felipe Marques no painel “Sport Integrity & Innovation Summit” no último fim de semana, o número de lesões do São Paulo durante as partidas é superior à média estabelecida pela Uefa como padrão. Já em treinos, o número é bem inferior.
– Incidência de lesões é o número de lesões a cada mil horas. A média da Uefa é 3.4 para jogador de futebol profissional. A nossa em 2025, só em treinos, deu 0.9. Em 2024 e 2023 havia sido 2.1, em 2022 havia sido 4.0 e em 2021 foi 2.3. Agora, quando se fala na média de jogos, a da Uefa é 23.8, enquanto a nossa está em 32. Está alta. Já se pegarmos a média geral, com jogos mais treinos, estamos em 3.6, enquanto a média da Uefa é 7.7. Estamos pela metade. Dá para melhorar? Podemos. A gente deve diminuir as lesões em jogos. Por isso, estamos analisando e observando – explicou o fisioterapeuta.
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Segundo Felipe Marques, o número absoluto de jogadores lesionados não deve ser usado como uma métrica comparativa, já que cada elenco é submetido a um número de jogos ou treinos na temporada.
– Usamos uma métrica da literatura mundial no futebol que é o número de lesões dividido pela exposição. Eu posso pegar um grupo de 30 atletas e dizer que tivemos um número absoluto de cinco lesões. Mas vamos supor que esse grupo não treinou, só subiu a escada ali e machucou. Agora, se pego o mesmo grupo de 30 atletas e faço 60 sessões de treino no mês, esse grupo terá dez lesões. Esse número absoluto não é real, e é o que a imprensa relata. É minha crítica ao que se fala.
– Se a gente pegar o número absoluto do São Paulo, talvez seja alto, já que a gente trabalha com um grupo maior, sempre com 40, 43 atletas, e como exponho mais atletas, eu tenho mais lesões. Para evitar esse tipo de viés, a gente pega o dado e divide pelo número de exposição. Isso é usado mundialmente. E comparamos os dados da Uefa, que concentra todos os clubes europeus. Temos a comparação com a literatura e conosco, olhamos mês a mês e ano a ano.
Ainda segundo Felipe Marques, é injusto cobrar de um departamento médico a culpa pelas lesões. O que deve ser exigido é um bom tempo de recuperação e a não repetição do caso no mesmo atleta.
– É injusto cobrar: “o departamento médico machuca jogador”. O departamento médico tem de ser cobrado pela sua métrica, que é tempo de afastamento. Tempo de afastamento por mil horas, quando isso começa a aumentar, eu tenho de chegar: “Doutor, o que está acontecendo que eles estão demorando? Ou pela taxa de recidiva, que é o atleta está batendo e voltando.
– Aí ele tem de ser cobrado, não cobrado negativamente de forma ofensiva ou ameaçadora, mas para entender o que está acontecendo. Da mesma forma o departamento de preparação e fisiologia, deve ser cobrado pela incidência. Por que está machucando mais? “Olha, nós tivemos 30% mais lesões em treino, o que está acontecendo? (exemplo) Aí cabe num caso assim o coordenador fazer essa ingerência para saber o que está acontecendo e como os setores estão funcionando.
Durante a Data Fifa, o São Paulo teve cinco jogadores com problemas clínicos durante treinos: Oscar (lesão na panturrilha esquerda), Cédric Soares (fratura no dedão do pé direito), Enzo Diaz (dores no quadril), além de Leandro e Dinneno (dores no joelho). Wendel sofreu fascite plantar no jogo.