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Exclusivo: “É melhor depender do SUS do que da Hapvida”, relata cliente do plano de saúde

Na última terça-feira, dia 19, o Diário do Estado publicou uma matéria mostrando as reclamações feitas pelos usuários, nas redes sociais, sobre os planos de saúde da empresa cearense Hapvida. Em Goiás, a empresa comprou o plano América, por R$ 426 milhões, em 2019. Em entrevista concedida ao DE, duas clientes goianas relataram suas experiências e queixas contra os serviços prestados pela Hapvida.

Grávida não consegue marcar consulta

Priscila Leite é goiana e começou com o plano América, que garante preferir. Ela, que está grávida, relata dificuldades em marcar consultas, atraso em exames, descreve os médicos da rede como “impacientes, despreparados e sem zelo” e afirma que os recepcionistas são sem profissionalismo e “só ficam no celular”.

“Eu estou grávida, preciso de um médico obstetra e tenho diabetes. Preciso de um endocrinologista. Eu fui no meu obstetra, o melhor que tem lá. Ele pediu diversos exames e para eu retornar com urgência. Retornei com urgência em outra profissional após um mês porque não tinha vaga. Fui no dia 14 de dezembro (2020) e tive que retornar do dia 20 de janeiro, por falta de vaga, sendo que era caso de urgência”, contou.

Priscila é dentista, e não gostou do atendimento médico da rede: “Quando voltei, a profissional pegou dados de mais de um mês da minha pressão, sendo que grávida tem oscilação, sendo necessário tratamento para saber como está a pressão, e ela simplesmente pegou os dados e colocou na ficha, como se tivesse aferido novamente sendo que não aferiu. Para mim isso é um erro gravíssimo. Ela foi super grossa, mal respondeu meu bom dia, nem olhando na minha cara”, recorda a paciente.

Gestante, Priscila precisa voltar aos médicos, mas conta que a unidade não faz encaixe de pacientes. “Antes quando eu saía da consulta eu já agendava a próxima ou o retorno no balcão. Agora tenho que usar um aplicativo que nem é bom ou esperar 20… 30 minutos, me jogando de um lado para o outro e não resolvo o que eu gostaria”, desabafa. “Só querem o dinheiro deles e não se importam”.

A demora no atendimento é um dos pontos principais das queixas relatadas pela entrevistada. “Tive que fazer uma ultrassom e o horário marcado estava 15:50h. Cheguei às 15:15h para não ter desculpa, mas saí de lá às 17h. Tinha paciente de 12h lá esperando. Idosos esperando a tarde inteira! Eu fui lá e briguei. Tinha uma mesa com um pano velho rasgado, papel rasgado. Despreparo Absurdo”, descreve. “Antes, não era dessa forma!”.

Mais reclamações

Moradora de Natal, no Rio Grande do Norte, Katiany Barbosa Fiuza é casada com um médico e cuida de todas as questões burocráticas do plano de saúde da mãe, Conceição Aparecida Barbosa, que vive em Goiânia. “A princípio o plano da minha mãe era da Promed, desde 2014. Era muito bom! Nunca tivemos dificuldade nenhuma para consultas, exames e muitos hospitais bons e conceituados pegavam a Promed e o atendimento era excelente“, lembra.

“No ano passado, a Hapvida comprou a Promed, o América… desde então minha mãe estava tentando marcar uma consulta para o oftalmologista e não conseguia. Ela ligou na Fundação Banco de Olhos e nem conseguiam achar o cadastro dela, mas acharam no sistema da Hapvida. Minha mãe então ligou lá reclamando que não estava conseguindo marcar a consulta. A partir daí foi só dor de cabeça“, relata Katiany.

“O plano subiu absurdamente. De R$ 336, mantidos até novembro igual a da Promed, de uma hora para a outra subiu mais de 100 reais (sendo que eles não poderiam estar cobrando esta taxa pelo código da ANS, que proibiu a cobrança de setembro a dezembro)”. A sigla citada é da Agência Nacional de Saúde Suplementar. “Ligamos e reclamamos. A atendente disse que houve um erro na cobrança e mandou outro boleto (com o valor normal)”.

No mês de janeiro, em nova mensalidade, a cobrança já veio de R$ 517. “Liguei procurando saber o porquê do aumento. Me falaram que tinha subido quase 50% pela faixa etária que havia mudado (a mãe tem 49 anos), e as outras taxas, como não puderam ser cobradas de setembro a dezembro, seriam agora”, lembra a filha.

Katiany Fiuza pesquisou como seriam as normas da ANS sobre o pagamento do plano e descobriu que o retrocesso dos valores referentes aos três últimos meses de 2020 seriam cobrados “ao longo de 2021“. Ela diz: “Eles cobraram tudo no primeiro mês, em janeiro. Eu suspeito que como muita gente está cancelando o plano, eles quiseram cobrar tudo agora para não ter prejuízo“.

A cliente também reclama do atendimento. “No número principal, não existe opção para conversar com atendente. Liguei no 0800 e não podia ligar por celular (ela não tem fixo). Tentei, tentei, e nada de antederem. Aí eu disse comigo: ‘vou ligar para fazer o plano!’. Eles atenderam na mesma hora! Quando é pra fazer… e eu disse isso para a atendente, mas a ligação caiu na hora”, relata ao DE.

Na Hapvida, em Goiânia, localizada na Avenida T-63, a mãe, Conceição, foi até lá durante a pandemia, e não encontrou ninguém além de computadores para o atendimento. “Meu pai foi lá a dois dias, e já estava funcionando normal, mas quando nós precisamos… minha mãe não sabe lidar computadores”, ressalta.

“Nesse mês eu decidi fazer a portabilidade para a Unimed“, conta. “Eu vou cancelar a Hapvida, porque é desrespeitoso a quantidade de pessoas reclamando deste plano, tanto em Goiânia quanto aqui no nordeste! Meu marido é medico e sabemos de casos em que eles dizem que o paciente não precisa dos exames. É uma luta! Não tem estrutura nem para os pacientes de origem da Hapvida e eles querem sair comprando outros planos! É melhor depender do SUS do que da Hapvida!”, conclui Katiany, demonstrando indignação.

Imagem: Google Street View