A situação da gripe aviária nos Estados Unidos está refletindo em um aumento significativo de quase 100% nas exportações brasileiras de ovos, apesar da imposição de tarifas. De acordo com pesquisas realizadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) de Piracicaba (SP), os preços da caixa de ovos comerciais vermelhos com 30 dúzias ultrapassaram os R$ 276 em diferentes praças consultadas pelo instituto.

As exportações brasileiras de ovos, tanto in natura quanto processados, quase dobraram no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados compilados e analisados pelo Cepea, ligado à Universidade de São Paulo (USP), indicam um crescimento de 97% nos embarques. A predominância das exportações está sendo direcionada aos Estados Unidos, que enfrentam um surto de gripe aviária.

A demanda americana tem impulsionado as exportações de ovos do Brasil, com importações superiores em 28% nos primeiros meses de 2025 em comparação com todo o ano anterior. Apesar da imposição de uma tarifa de 10% pelo governo americano sobre produtos brasileiros, os pesquisadores do Cepea acreditam que a liderança dos EUA como destino das exportações de ovos brasileiros permanecerá.

No cenário nacional, os preços dos ovos têm demonstrado aumento, especialmente em fevereiro. A onda de calor tem impactado no custo de produção e na qualidade dos ovos, levando a reajustes recordes nas cotações. Com a demanda interna elevada e a escassez de proteína disponível no mercado, o preço dos ovos continua a subir, com expectativa de queda após a quaresma.

Os custos de produção dos ovos têm sido afetados pelo aumento dos insumos, como milho e farelo de soja, além da necessidade de investimento em infraestrutura climatizada. Em 2024, os produtores enfrentaram margens reduzidas devido à queda nos preços dos ovos. Em contrapartida, em 2025, a menor disponibilidade de ovos permitiu um repasse mais intenso dos custos para as cotações.

A zootecnista Gisele Neri destaca que o calor afeta a produtividade das galinhas, levando a uma diminuição na produção de ovos devido à redução da qualidade. Além disso, os insumos essenciais, como milho e farelo de soja, estão mais caros, aumentando os custos para os produtores. A oferta limitada e a demanda aquecida têm impulsionado o aumento dos preços.

A alta dos preços dos ovos se mantém, especialmente nas regiões produtoras, com registros de aumento de até 24% no atacado em Santa Maria de Jetibá (ES) e de 22% em Bastos (SP) em menos de 15 dias. A expectativa é que os preços continuem elevados até a quaresma, período tradicional de aumento na demanda por ovos. A escassez de oferta e o aumento da procura têm sido os principais fatores impulsionadores.

Com a demanda em alta, os preços dos ovos têm se mantido elevados, mesmo com o cenário externo desafiador. Comercializar ovos se tornou um desafio, devido à combinação de oferta restrita e demanda crescente. A tendência é que a valorização dos ovos continue nos próximos meses, refletindo a dinâmica do mercado nacional e internacional.