Com o sinal de alerta aceso nas exportações para os Estados Unidos, por causa do tarifaço anunciado por Donald Trump, o comércio exterior do Brasil terá um alívio com as trocas com a Argentina. As vendas do Brasil para o país vizinho subiram 53,2% em valor nos sete primeiros meses do ano, comparado ao mesmo período de 2024. O crescimento representa uma recuperação após as exportações brasileiras para a Argentina terem caído 17,6% em 2024 devido à recessão no país vizinho. Apesar disso, as vendas ainda estão abaixo do registrado nos sete primeiros meses de 2023.
O comércio com EUA e Argentina é relevante para a indústria brasileira que se destaca por demandar bens manufaturados. Embora os produtos vendidos para cada país sejam diferentes, a retomada das vendas para a Argentina é vista como uma notícia positiva, apesar de não ser capaz de compensar as perdas com o mercado americano. A concentração das vendas para a Argentina está nos automóveis, um setor que não entra no mercado dos EUA.
A recuperação das vendas de veículos para a Argentina nos primeiros meses deste ano está ligada à interdependência entre Brasil e Argentina no setor automotivo desde a criação do Mercosul nos anos 90. A Anfavea reduziu suas projeções de vendas no mercado interno, mas manteve a produção em função da demanda argentina. Os argentinos estão comprando mais carros, impulsionados por uma melhora econômica e valorização do peso frente ao dólar.
O presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo, Federico Servideo, destaca que a relação comercial entre os países tem sido oportunística e cobra integração das cadeias de produção envolvendo pequenas e médias empresas. Além disso, a recuperação argentina pode amenizar as perdas nas vendas para os EUA em setores como calçados e máquinas. A Netzsch, fabricante de bombas industriais, vê o redirecionamento dos EUA para outros mercados latinos como uma oportunidade, com a recuperação argentina como um possível auxílio.