Belém recebe exposição com fotografias psicodélicas e espirituais de Claudia Andujar
Mostra Claudia Andujar – Cosmovisão, do Itaú Cultural, chega ao Museu da Imagem e do Som do Pará e revela a fase experimental da fotógrafa antes do encontro com os Yanomami.
Belém recebe exposição com fotografias psicodélicas e espirituais de Claudia Andujar — Foto: Arcevo Claudia Andujar
Luzes que se misturam, cores intensas, imagens sobrepostas e uma sensação quase de sonho. Assim é a experiência que o público vai encontrar a partir desta terça-feira (7), no Museu da Imagem e do Som do Pará (MIS), com a abertura da mostra Claudia Andujar – Cosmovisão.
A exposição reúne 71 fotografias da artista que revolucionou a forma de enxergar e sentir a fotografia brasileira. Antes de se tornar referência mundial pelo trabalho com os Yanomami, Andujar explorou o universo da imagem como um campo de experimentação artística e sensorial. São registros psicodélicos, coloridos e espirituais, feitos entre as décadas de 1960 e 1970, agora reunidos em Belém.
Em diálogo com os debates da COP 30, a mostra convida o público a refletir sobre a relação entre o ser humano, a natureza e o invisível, temas que marcam a obra da fotógrafa.
PSICODELIA E REBELDIA NA FOTOGRAFIA
Claudia Andujar é conhecida por transformar a fotografia em linguagem poética. As obras reunidas em Belém revelam uma artista inquieta, que usava filmes infravermelhos, filtros coloridos, refotografias e duplas exposições para expandir os limites do real.
“Ela fazia a fotografia atravessar a superfície do real para representar o invisível. Essas experiências permitiram que, mais tarde, ela traduzisse em imagens a espiritualidade dos povos Yanomami”, explica o curador Eder Chiodetto.
Entre as séries expostas estão “Pesadelos”, publicada na revista Realidade em 1970, e “Homossexuais”, que preservava identidades em tempos de repressão, com o uso de sombras e distorções. Outro destaque é “A Sônia”, ensaio apresentado no MASP em 1971, com projeções multicoloridas e música ambiente — uma verdadeira instalação sensorial para a época.
DO EXPERIMENTAL AO ESPIRITUAL
A mostra ocupa todo o andar do MIS Pará e conduz o visitante da fase experimental de Claudia Andujar à imersão no universo Yanomami. Entre os destaques estão o audiovisual do livro Amazônia (1978) e a videoinstalação Sonhos Yanomami (2002–2024).
As séries O voo de Watupari, O sonho verde-azulado e Reahu, o invisível revelam como a fotógrafa traduziu rituais e visões indígenas em imagens que misturam espiritualidade e arte.
COSMOVISÃO E LEGADO
O nome da mostra, segundo o curador, vem emprestado da sabedoria indígena.
“Os povos originários sempre estiveram na vanguarda de um pensamento sobre a integração do ser humano com o ambiente. A Claudia percebeu isso desde cedo e conseguiu, pela fotografia, traduzir essa visão do mundo — uma cosmovisão em que tudo está conectado”, diz Chiodetto.
Belém foi escolhida para receber a primeira itinerância da mostra por seu papel histórico e criativo na fotografia brasileira.
“A cidade é um polo de experimentação. Era obrigatório começar por aqui”, afirma o curador.
Além de trazer um recorte inédito da obra de Andujar, a exposição deixa também um legado material. A produção fez uma adaptação especial no MIS, com novas paredes e melhorias estruturais.
“Fica como herança para a cidade”, conta Chiodetto.
SERVIÇO
Exposição: Claudia Andujar – Cosmovisão
Abertura: Terça-feira, 7 de outubro, às 18h
Bate-papo: Eder Chiodetto, Elza Lima e Alexandre Sequeira
Local: Museu da Imagem e do Som do Pará (Auditório Eneida de Moraes)
Visitação: De 8 de outubro de 2025 a 18 de janeiro de 2026
Entrada: Gratuita (sujeita à lotação)
Realização: Itaú Cultural e Sistema Integrado de Museus e Memoriais / Secult-PA
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