Jairzinho melhor do que Pelé? Fifa expõe documentos inéditos de testes físicos da Seleção de 1970
Peças fazem parte de exposição em cartaz em Zurique, na Suíça, e mostram resultados de atletas consagrados pela conquista do tri na Copa do Mundo do México
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Documentos até então inéditos sobre a preparação da seleção brasileira de 1970 estão em exposição no Museu da Fifa. Eles tornam ainda mais clara a importância do condicionamento físico para fazer daquela equipe a primeira a comemorar um tricampeonato da Copa do Mundo.
Relatório de testes físicos da seleção brasileira de 1970 expostos no Museu da Fifa — Foto: Divulgação
As peças mostram os resultados individuais dos atletas e indicam, curiosamente, que em alguns testes, como na corrida de 12 minutos, Pelé, aos 30 anos, foi avaliado como “bom”, abaixo do “muito bom” de outros colegas, como Jairzinho. A condição física sempre foi um dos trunfos do Rei.
Em resposta a questionamentos do ge [https://ge.globo], o Museu da Fifa informou que esses documentos foram adquiridos em 2024 e nunca tinham sido exibidos antes – o museu não revela a quem as peças pertenciam. Eles fazem parte da exposição “Inovação em Ação: tecnologias do futebol dentro e fora do campo”, que pode ser visitada no Museu da Fifa, em Zurique, até o fim de março.
Os cuidados de preparação física daquele time sempre foram considerados inovadores para a época – e são apontados como essenciais para o sucesso de uma equipe que tinha, também, talento de sobra. Os treinamentos começaram em fevereiro de 1970, cerca de cinco meses antes da estreia do Brasil contra a Tchecoslováquia. As primeiras semanas foram no Rio, quando os testes relatados nos documentos exibidos pela Fifa foram realizados.
Documentos fazem parte de exibição em cartaz no Museu da Fifa — Foto: Divulgação
Em entrevista ao sportv, em 2012, o ex-treinador Carlos Alberto Parreira, que foi preparador físico da Seleção em 1970, falou sobre o método Cooper, utilizado para avaliar os jogadores. – O Cooper nos deu exatamente a valência de como estavam os jogadores. E aí nós dividimos em grupos: os mais aptos, os menos aptos, os melhores condicionados, os que precisavam de maior atenção. Divididos em grupos, eles foram atendidos nas suas necessidades individuais. O teste serviu exatamente para isso: individualizar o trabalho que foi aplicado na parte de corridas aeróbicas de longa distância – contou Parreira. – A preparação para 1970 foi pioneira, houve um condicionamento científico, um planejamento e a introdução dos ciclos de treinamento. Cada jogador treinava de acordo com a sua condição específica.
Pelé é carregado durante a comemoração do título em 1970 — Foto: Agência AP
– Nós chegamos à conclusão de que, tecnicamente, eles eram os melhores do mundo. Se nós déssemos uma base física para manter a qualidade técnica e fazer no aspecto tático o que o treinador quisesse… Até porque a final ia ser disputada em condições muito especiais: no México, onde tem altitude. A condição física seria muito importante – concluiu o ex-treinador. Depois do período de preparação no Rio, a Seleção viajou ao México, cerca de um mês antes da Copa, para se adaptar à altitude do país. Segundo o Museu da Fifa, ao fim da exposição, os documentos serão armazenados sob cuidados pela instituição, que afirma que eles podem voltar a ser exibidos no futuro.




