Como Fabinho Soldado conquistou do elenco à oposição em primeiro ano como diretor do Corinthians
Executivo supera desconfiança e tem respaldo em meio a incertezas políticas do clube; de mostra melhoras implementadas e planejadas pelo dirigente e quem são os homens de confiança dele
O Timão tem um padrão de jogo definido? DE Corinthians debate
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Em 24 de janeiro de 2024 Fabinho Soldado chegou ao Corinthians [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/] cercado de desconfiança. Após sonhar com o experiente Rodrigo Caetano, o presidente Augusto Melo decidiu apostar no ex-jogador para ser o diretor executivo de futebol do clube, função que Fabinho nunca tinha desempenhado.
Um ano depois, o soldado ganhou patentes e subiu na hierarquia do Corinthians [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/], a ponto de ser defendido até mesmo na oposição do clube. Em meio ao processo de impeachment contra Augusto Melo, conselheiros já foram avisados que mesmo que ocorra uma mudança na presidência não haverá troca na chefia do futebol.
O prestígio também é visto no centro de treinamentos, onde Fabinho ganhou a confiança dos atletas e o respeito dos funcionários, que quase sempre recorrem ao adjetivo “sério” para descrevê-lo. O termo é amplo e até por isso acaba sendo repetido por quem tenta explicar o estilo do dirigente no dia a dia.
“Sério” pode fazer referência à postura mais sóbria e formal de Fabinho, que não dispensa a roupa social mesmo nos dias mais quentes do verão brasileiro. Mas a palavra também remete ao jeito dele agir e falar com seus subalternos. O dirigente é valorizado por cumprir acordos, manter um diálogo transparente e lutar por melhores condições para o departamento de futebol.
Perante a torcida Fabinho ganhou moral principalmente após a última janela de transferência, que teve Memphis Depay como “cereja do bolo”. Já internamente ele se fortaleceu nos momentos mais adversos, como quando os salários atrasaram ou os ídolos Cássio e Paulinho deixaram o clube.
Foram muitas as turbulências. O dirigente foi contratado com a reformulação alvinegra já em andamento e nos primeiros meses de trabalho dividiu o comando do departamento de futebol com o diretor estatutário Rubens Gomes. Rubão deixou o cargo em maio, quando já estava instaurada a crise política, esportiva e administrativa.
Apesar das várias adversidades, Fabinho conseguiu convencer jogadores a se transferirem para o Corinthians [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/] e ajudou a engajar aqueles que já estavam lá.
– Ele foi um dos fatores da minha vinda pra cá. Pela forma de abordagem dele em tudo, de mostrar o projeto, de mostrar que ele é uma pessoa séria, primeiramente, e que tinham pessoas sérias para conduzir o clube na direção certa – contou André Ramalho, no podcast “Inteligência LTDA”.
Alguns conhecidos pouco conhecidos da torcida do Corinthians [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/] foram determinantes para Fabinho se afirmar no clube.
Logo na chegada, o diretor foi buscar conselhos sobre os bastidores do clube. Sobre os jogadores e questões ligadas ao dia a dia do CT, ele ouviu o observador Mauro da Silva, ex-jogador que está há quase duas décadas na comissão da equipe. Já da parte mais ligada à política alvinegra, colheu informações e dicas de Caio do Valle, assessor da presidência e homem de confiança de Augusto Melo.
Com o tempo, Fabinho também foi se cercando de velhos conhecidos. Para tocar o departamento de análise de mercado, ele contratou Renan Bloise e Thiago Santos, com quem já havia trabalhado no Flamengo. Para ser seu auxiliar, o diretor escolheu José Carlos de Freitas, o Zeca, outro ex-flamenguista, mas que já trabalhava na base do Timão. Além de ter interlocução direta com o presidente Augusto Melo, Fabinho também ficou próximo de dois diretores: o jurídico Vinicius Cascone e o financeiro Pedro Silveira.
Ao mesmo tempo que dá autonomia para profissionais de diferentes áreas implementarem seus trabalhos, Fabinho também cobra resultados.
Em 7 de janeiro, um dia antes dos jogadores se reapresentarem após as férias, o diretor reuniu funcionários no CT para definir processos e estipular metas. Isso engloba da redução no número de lesões à quantidade de atletas analisados.
Com o elenco Fabinho também é exigente. Em meio à sequência de dez vitórias consecutivas do Corinthians [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/], ele tem batido na tecla de que é preciso almejar objetivos maiores e da necessidade do clube por títulos. Foi esse, por exemplo, o discurso no vestiário após o 2 a 1 sobre o Água Santa, na última quarta-feira.
Se por um lado Fabinho cobra, por outro avisa que também pode ser cobrado pelos atletas por melhores condições. No ano passado, ele realizou uma pequena obra para ampliar o CT, criando quatro novas salas. Para 2026, tem planos maiores, como a instalação de iluminação nos campos, o que permitiria a realização de treinos noturnos.