Facção cobra até R$ 30 mil para ‘autorizar’ funcionamento de comércio em
Fortaleza
Uma das vítimas chegou a pagar R$ 10 mil por medo das ameaças de morte.
Criminosos exigem ‘taxa’ para ‘autorizar’ funcionamento de lojas em Fortaleza
Criminosos exigem ‘taxa’ para ‘autorizar’ funcionamento de lojas em Fortaleza
A Polícia Civil do Ceará está investigando denúncias de que integrantes de uma
facção criminosa estão extorquindo dinheiro de comerciantes, com cobrança de
“taxas” para que as vítimas possam trabalhar no Centro de Fortaleza. A uma das vítimas foi
solicitada o pagamento de R$ 30 mil.
De acordo com o documento ao qual o De [https://de.de/ce/ceara/] teve
acesso, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) tomou
conhecimento do caso em 2023, a partir da denúncia de um empresário proprietário
da várias lojas na região, que estava recebendo mensagens via WhatsApp com
ameaças.
Nas mensagens, enviadas de números diferentes, os criminosos informavam que eram
membros do Comando Vermelho e exigiam que o comerciante pagasse a quantia de R$
30 mil. Caso contrário, as lojas dele seriam incendiadas.
A vítima também recebeu um vídeo ameaçador com um homem usando uma “balaclava”
afirmando que caso o comerciante não pagasse a quantia que ele estava
solicitando, iria “encher a cara do dele de bala”, isso mostrando uma pistola o
tempo todo.
Dias após as primeiras ameaças, um dos estabelecimentos do empresário teve a
porta parcialmente incendiada. Depois desse episódio, as ameaças se
intensificaram.
“Ei […] agora vc acredita que não é golpe, isso foi só um alerta para vc mim
pagar”, dizia uma das mensagens.
Mesmo com medo, o empresário não efetuou o pagamento solicitado pelos criminosos
e denunciou o caso à polícia.
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VÍTIMA PAGOU R$ 10 MIL
Comerciante do Centro de Fortaleza pagou R$ 10 mil para facção criminosa
após ser ameaçado — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Outro empresário, que também possuía lojas no Centro, passou a receber as
ameaças no número comercial da loja, exigindo R$ 10 mil referente a uma “taxa
única para trabalhar na área”.
“Para você trabalhar em paz na minha área você tem que pagar uma taxa única de
10.000. Caso não pague, você não trabalha mais no Centro, porque eu não vou
deixar”, diz um trecho da mensagem recebida pelo empresário.
Receoso com o que poderia ocorrer, essa segunda vítima enviou a quantia para o
número do Pix repassado pelo criminoso.
INVESTIGAÇÃO
A polícia conseguiu identificar a titular da conta bancária que recebeu o
dinheiro e chegou na identificação de Gisely Raynara Rolim de Souza, de 32 anos.
Em depoimento, a suspeita relatou que deu o número da conta para receber a
quantia para uma terceira pessoa, que lhe deu R$ 1 mil para a usar o Pix dela.
Ela foi presa em novembro de 2023. Porém, em março deste ano, a prisão dela foi
substituída por medidas cautelares, como o uso da tornozeleira eletrônica.
Ainda segundo Gisely, ela não conhecia o homem para quem emprestou a conta e a
negociação foi intermediada pelo amigo Everton Batista Cardoso, de 32 anos.
Conforme Everton, o homem que receberia o dinheiro da vítima é Valdenir Lima
Saraiva, de 36 anos, conhecido como “Rei”, “Re” ou “Huck”, um ex-patrão dele que
o pagou R$ 150 para que ele conseguisse uma conta bancária para receber a
quantia. Everton também foi preso por extorsão.
A polícia descobriu que Valdenir chegou a possuir uma loja de suplementos no
Centro, inclusive, chegava a pegar mercadoria com as vítimas que estavam sendo
extorquidas pelos criminosos.
Ele foi apontado como membro de uma facção criminosa e mandante das extorsões
contra os comerciantes. O suspeito nunca foi localizado e segue foragido.
Valdenir, Gisely e Everton foram denunciados pelo Ministério Público por
extorsão, integrar organização criminosa e associação criminosa.
“A Polícia Civil informa que já existe um inquérito policial em andamento para
apurar supostas extorsões sofridas por empresários na região do bairro Centro.
Mais informações sobre o caso serão fornecidas em momento oportuno para não
atrapalhar as investigações”, disse a corporação.
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