Fake news sobre vacina atrasam o controle da pandemia, diz especialista

Ainda que a pandemia de Covid-19 já esteja em seu segundo ano, fake news sobre a doença e a vacina seguem se espalhando e sendo desmentidas por agências de checagem. A plataforma Lupa, por exemplo, divulgou que, em 2021, 37% dos conteúdos “desinformativos” checados pela agência foram sobre Covid-19. Assim como em 2020, a doença foi o principal tema das fake news analisadas pela plataforma.

Apesar das checagens, um estudo anterior à pandemia mostra que informações falsas se espalham 70% mais rápido do que as verdadeiras. Cada postagem atinge, em média, mil pessoas. Já as postagens falsas mais replicadas atingem até 100 mil usuários da internet. Os dados vêm de uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos Estados Unidos (EUA).

Com o surgimento das vacinas contra a Covid-19, informações erradas sobre o imunizante ganharam espaço. O DE ouviu a infectologista Marilia Turchi para desmentir algumas delas. “Toda desinformação gera atrasos no controle da pandemia”, afirma a especialista.

Vacinas são eficazes

Nos últimos dias, fake news sobre a eficiência das vacinas ganharam força nas redes sociais, após a cantora Preta Gil anunciar que contraiu Covid-19 pela segunda vez. No entanto, o principal objetivo da vacinação é evitar sintomas graves e internação. A vacina não impede que se contraia a doença ou que se tenha reinfecção, mas evita que o quadro de saúde piore a ponto de exigir internação ou trazer risco de morte.

“As vacinas são eficazes, diminuíram o número de internações e casos graves. Elas atingiram seu objetivo. É impossível negar que o número de óbitos caiu no mundo inteiro graças à vacinação”, afirma a infectologista.

Além disso, segundo a especialista, o fato de a vacina evitar sintomas graves ajuda a diminuir a disseminação da doença. “Casos graves, com muita repercussão clínica, costumam transmitir por mais tempo a doença. Por exemplo, pessoas com febre prolongada ou tosse intensa transmitem mais a Covid-19”.

Vacina de mRNA para crianças

Circula pelas redes sociais o vídeo em que um homem que se apresenta como Robert Malone, virologista e imunologista, afirma ter criado a tecnologia base para o desenvolvimento da vacina mRNA, usada nos imunizantes Moderna e da Pfizer. O homem diz que a vacina fará com que o corpo da criança produza proteínas tóxicas. A informação é falsa.

Segundo Turchi, assessora médica-científica na Padrão Pardini, o homem fez estudos sobre o mRNA há algum tempo atrás. No entanto, a tecnologia continuou sendo estudada e aprofundada por outros cientistas ao longo dos anos, até que ela fosse considerada segura para utilização em imunizantes.

“A liberação dessas vacinas para crianças passou por uma série de estudos em que se viu que os efeitos colaterais são extremamente baixos e as vantagens são muito maiores. A vacinação é válida porque, apesar de a Covid ter infecção menos grave em crianças do que em idosos, o número de óbito pela doença em crianças foi alto”, diz a médica.

Dados nacionais, segundo nota técnica divulgada pela Fiocruz, mostram que, entre as crianças com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) associada à Covid-19, 44,5% precisaram de internação na UTI. A taxa de morte foi de 6%

A nota mostra ainda que 19,9 mil crianças ou adolescentes precisaram de hospitalização por conta da SRAG. Além disso, houve 1.422 óbitos confirmados por Covid-19, sendo 418 em menores de 1 ano de idade, 208 entre crianças de 1 a 5 anos de idade e 796 em idades de 6 a 19 anos. Dessa forma, 64% das crianças e adolescentes acometidos tinham entre 1 e 9 anos. Os dados são dos casos de até 4 de dezembro de 2021.

Vacina não transmite HIV

“Não tem nenhum suporte, não procede, é errado e desinformativo” afirma a infectologista sobre a fake news de que vacina contra Covid-19 provoca HIV. As vacinas não transmitem nem pioram quadro de HIV. “Pelo contrário, pessoas que têm HIV inclusive precisam se vacinar contra Covid, assim como a população em geral. Inclusive, elas foram vacinadas prioritariamente”.

Em dezembro, O Ministério da Saúde autorizou a quarta dose do imunizante às pessoas imunossuprimidas, entre elas as que lidam com o vírus HIV.

 

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Câncer de pele: Como identificar manchas perigosas e prevenir o risco

A gerente de enfermagem Renata vivenciou uma experiência que transformou sua perspectiva sobre cuidados com a saúde. Após ter sido orientada a realizar acompanhamento médico anual devido a uma lesão pré-cancerígena, ela negligenciou a recomendação. Anos depois, uma consulta devido a uma mancha no rosto a fez descobrir um melanoma em estágio inicial, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele. A detecção precoce e remoção rápida garantiram um desfecho positivo.

O caso de Renata ressalta a importância do diagnóstico precoce no câncer de pele, a forma de tumor mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O melanoma, em particular, é o tipo mais raro e agressivo, e o diagnóstico rápido pode ser decisivo para a cura. Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, destaca os principais sinais de alerta, como mudanças na cor, tamanho e textura de pintas ou manchas, além do aparecimento de sangramento ou coceira.

Como identificar manchas suspeitas? A dermatologista Luísa Juliatto, do Alta Diagnósticos, orienta que é preciso ficar atento a pintas novas, em crescimento, com cores variadas ou formas irregulares. Também é importante observar pintas antigas que apresentem alterações. Feridas que não cicatrizam, sangramento, dor ou crescimento rápido de uma lesão também são sinais que demandam atenção médica. Para confirmar se a mancha é cancerígena, exames como dermatoscopia e ultrassom dermatológico podem ser necessários. Quando há suspeita, a biópsia de pele é essencial para o diagnóstico final.

Juliatto recomenda consultas dermatológicas anuais, especialmente se não houver histórico de câncer na família. Caso contrário, é importante um acompanhamento mais próximo com o especialista.

Quais manchas não são perigosas? Nem todas as manchas na pele são preocupantes. Manchas solares, sardas (efélides), ceratoses seborreicas e melasma geralmente não são sinais de câncer. Além disso, os nevos comuns, conhecidos como pintas benignas, também não são motivo de alarme.

Fatores de risco e prevenção A exposição solar excessiva e repetitiva, especialmente durante a infância e adolescência, é o principal fator de risco para o câncer de pele. Pessoas com pele clara, olhos e cabelos claros, ou com histórico familiar de câncer de pele, têm maior predisposição à doença. No entanto, é importante ressaltar que até pessoas negras podem ser afetadas.

No caso de Renata, a pele clara e o histórico familiar de câncer de pele de seu pai contribuíram para o desenvolvimento do melanoma. Após o diagnóstico, ela passou a adotar medidas rigorosas para proteger sua pele, como o uso diário de bloqueador solar e roupas especiais de proteção UV, além de evitar a exposição ao sol nos horários de pico.

Para prevenir o câncer de pele, a dermatologista recomenda:

  • Aplicar protetor solar com FPS mínimo de 30 a cada duas horas;
  • Evitar exposição solar entre 10h e 15h;
  • Utilizar barreiras físicas, como roupas com tratamento UV, boné, óculos de sol e guarda-sol.

Essas precauções são essenciais para reduzir o risco de câncer de pele e garantir uma rotina de cuidados adequados com a saúde da pele.

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