Falsa biomédica é indiciada por homicídio de influenciadora após procedimento

A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) indiciou a empresária Grazielly da Silva Barbosa pela morte da influencer Aline Maria Ferreira, de 33 anos. Segundo investigações, Aline teria pagado R$ 3 mil para realizar um procedimento estético de aumento dos glúteos. O indiciamento foi confirmado nesta quarta-feira, 2.

Grazielly foi presa preventivamente em 3 de julho. Na época, a defesa da empresária afirmou que ela nunca desejou esse desfecho, referindo-se à morte de Aline, e manifestou solidariedade à família da modelo.

Relembre o caso

Moradora de Brasília, Aline saiu da capital brasileira para realizar o procedimento em Goiânia no dia 23 de junho. A influenciadora, inicialmente, parecia bem, apesar de sentir muitas dores nas nádegas. Em depoimento, o marido dela que a aplicação foi rápida e que eles voltaram a Brasília no mesmo dia. No entanto, ao longo dos dias, as dores aumentaram, e Aline começou a apresentar fraqueza e febre.

Mesmo com medicação, os sintomas persistiram, e no dia 26 de junho, ela começou a sentir dores abdominais. No dia seguinte, Aline desmaiou e foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde permaneceu por um dia, pois a unidade não dispunha de UTI. Em seguida, foi transferida para um hospital particular, onde foi entubada e sofreu duas paradas cardíacas. Aline faleceu em 2 de julho, sendo velada e sepultada no dia 4, no cemitério Campo da Esperança do Gama.

Investigação

Ao g1, o marido de Aline contou que o procedimento realizado na clínica durou cerca de 15 minutos. A empresária teria retirado seringas de um armário e preenchendo-as com um produto que estava em sua bolsa pessoal, sem refrigeração, o que foi registrado no depoimento. O procedimento incluiu anestesia e a aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo. Após a aplicação, Aline começou a sentir dores e febre, e seu estado de saúde se deteriorou.

Além disso, o marido de Aline também relatou que Grazielly tentou convencê-lo a não levar a esposa ao hospital. Quando Aline finalmente foi internada, a empresária ainda foi à unidade de saúde para verificar os locais das injeções e aplicar um remédio para evitar trombose.

No dia seguinte a aplicação do remédio, Aline sofreu uma parada cardíaca e acabou falecendo. O marido informou que a esposa apresentou piora e teve os pulmões e o coração comprometido, além dos rins terem parado de funcionar. Ele também relatou que os pés e mãos da influenciadora haviam ficado pretos.

Falta de qualificação

Em seus perfis, Grazielly se apresentava como biomédica, mas, segundo a delegada Débora Melo, ela cursou apenas três semestres de medicina no Paraguai e fez cursos livres na área. Até o momento, não apresentou nenhuma certificação comprovando qualificação para atuar na área.

Durante a investigação, a polícia também constatou que a clínica não possuía registros de consultas ou de qualquer documentação sobre os pacientes, o que indica que Aline não foi devidamente avaliada antes do procedimento.

Em nota, a fabricante do PMMA, MTC Medical, afirmou que o produto aplicado não foi o legítimo, o qual só pode ser comercializado para médicos, e ressaltou que o manejo descrito não corresponde ao uso adequado da substância.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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