Família acidentada em Ubatuba ajuda a recuperar nascente do Araguaia: história de superação e sustentabilidade

Família acidentada em Ubatuba ajudou a recuperar nascente do Araguaia

Vítima de acidente aéreo em Ubatuba, família Fries foi responsável por projeto
de recuperação de nascente do rio Araguaia

São Paulo — Vítima de um acidente da explosão de um avião de pequeno porte em
Ubatuba, no litoral de São Paulo, nessa quinta-feira (9/1), a família Fries é conhecida em Goiás por seu trabalho na
recuperação de uma das nascentes do rio Araguaia.

Natural do Goiás, a família é dona da aeronave que saiu do Aeroporto Municipal
de Mineiros (GO), e explodiu nas areias da praia do Cruzeiro. À bordo estavam Mireylle Fries, seu marido e dois filhos, além do piloto Paulo Seghetto, que morreu no
acidente.

Mireylle Fries é filha do do ruralista Milton Fries e herdeira de propriedades
rurais no estado de Goiás, onde, segundo o delegado Luziano de Carvalho, titular
da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), aconteceu um
trabalho de reflorestamento de 600 hectares de mata nativa onde nasce o rio
Araguaia.

PROJETO NASCENTES

O delegado Luziano relata que, em 2002, visitou a propriedade de Milton Fries
para investigar a voçoroca Chitolina, uma gigantesca erosão que, na época, já
ocupava mais de 100 quilômetros de comprimento por 90 de largura.

Ao chegar, Fries explicou que estava há quatro anos investindo em um projeto de
recuperação, com planos de gastar milhões no soterramento da voçoroca. No
entanto, Luziano e a Polícia Ambiental sugeriram uma abordagem diferente: o
reflorestamento.

“Eu disse a ele: ‘Vamos trabalhar juntos. Vamos cercar essa voçoroca e recuperar
com vegetação’. Expliquei que não fazia sentido deslocar terra de um lugar para
outro, já que ali havia um lençol freático ativo. Ele parou de gastar dinheiro
com terra e seguiu à risca nossas orientações”, conta o delegado.

Com o reflorestamento, a voçoroca recuperou sua vegetação natural e, há 14 anos,
está completamente estabilizada. Hoje, o local é uma área de mata preservada
dentro da fazenda dos Fries, onde é preservada uma das nascentes do Araguaia.

O processo de recuperação na propriedade inaugurou o Projeto Nascentes, e passou
a servir de referência para outros proprietários rurais do estado. “A voçoroca
Chitolina passou a ser um local de pesquisa de regeneração natural. Lá a gente
não deixa plantar nada, colocar nada. Hoje, está totalmente recuperada,
estabilizada e cheia de mata”, conta o delegado que é a favor da mudança do nome
do local para Nascente Recuperada Milton Fries.

FAMÍLIA PERMANECE INTERNADA

Mireylle Friers e a família sobreviveram à queda e foram levados para a Santa
Casa de Ubatuba.

Ao longo desta sexta-feira (10/1), o marido de Mireylle, Bruno, e os filhos do
casal foram transferidos para o Hospital Regional do Litoral Norte, em
Caraguatatuba, cidade vizinha ao local do acidente. De acordo com a última
atualização da Santa Casa, eles estavam estáveis e conscientes e foram
transferidos para um hospital particular na cidade de São Paulo durante a tarde.

Mireylle, contudo, passou por cirurgia e foi levada para o Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo. O delegado Luziano diz que a filha de Milton sempre
esteve com o pai durante o processo de recuperação da Voçoroca e que torce pela
sua recuperação.

“Ela era sempre uma menina muito esperta. Quando íamos visitá-los, éramos
recebidos com festa. Mesmo sendo polícia, eles viam a gente como alguém que
estava lá para ajudar. O que essa família fez  é um modelo de sustentabilidade
para todo o Brasil”.

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Esquema criminoso da Overclean conecta alvos à prefeito de Maricá em caso Marielle

Overclean conecta alvos a prefeito que defende réu do caso Marielle

O diálogo interceptado pela PF sugere que a entrega dos ingressos fazia parte de uma estratégia para consolidar o acesso ao poder municipal

Investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) revelou que integrantes do esquema criminoso descoberto pela Operação Overclean têm influência dentro da Prefeitura de Maricá, no Rio de Janeiro. Conversas captadas pela PF mostram que uma pessoa teria facilitado o acesso do grupo liderado pelos empresários Alex e Fábio Parente à administração municipal, especialmente por meio de sua proximidade com o vice-prefeito Joãozinho do PT, eleito ao lado do prefeito Washington Quaquá (PT), defensor de um dos réus envolvidos na morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

O diálogo, interceptado em 28 de agosto de 2024, envolve Alex Rezende Parente e um interlocutor identificado apenas como Tiago. A conversa revela o modus operandi do grupo criminoso, que incluía a cooptação de agentes públicos e a utilização de favores para obter acesso privilegiado a administrações municipais, como a de Maricá.

Na ocasião, Tiago questiona Alex sobre a entrega de ingressos a uma mulher não identificada, que seria intermediária para estabelecer conexões com a prefeitura. Tiago destaca que essa mulher teria influência na administração local por meio de sua proximidade com o vice-prefeito Joãozinho do PT. Segundo Tiago, a mulher também era ligada ao ex-deputado federal André Moura.

O diálogo sugere que a entrega dos ingressos fazia parte de uma estratégia para consolidar o acesso ao poder municipal. Tiago menciona que a mulher estava “nos bastidores”, mas ainda atuava para facilitar a execução de contratos fraudulentos. Além disso, ele destaca que o vice-prefeito, Joãozinho do PT, era quem realmente exercia influência sobre as decisões da prefeitura, mesmo com Quaquá no cargo de prefeito.

Confira um trecho da conversa: Tiago: Se liga. Você vai estar com a moça, lá? Vai conseguir o ingresso dela? Alex: Vou, pô. Já está tudo lá. Tiago: Tá. Ela vai buscar, né? Alex: Sim, mas não vou entregar em Alphaville. Ela vai pegar na empresa. Tiago: Beleza. Vou mandar ela ir na empresa. Deixa eu só te explicar: ela está dizendo que tem que ser de tal jeito porque é indicação do André Moura. Alex: Sei quem é. Tiago: Ela disse que está “fora”, mas ainda está “dentro”. Ela ficou cuidando de alguns processos. Agora quem tem a caneta é o João, o vice do Quá Quá. Alex: Entendi. Tiago: Vou te mandar toda a conversa para você entender. Ela disse que João é quem decide, e que está combinada com ele.

Marielle Franco

Nessa sexta-feira (10/11), o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, gerou controvérsia ao publicar em suas redes sociais uma mensagem de apoio a Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, em 2018. Na publicação, Quaquá criticou a Justiça e a prisão de Brazão, alegando que não há provas concretas contra ele e classificando a detenção como injusta.

Na postagem, Quaquá se solidarizou com a esposa e os filhos de Brazão, referindo-se à prisão como “desumana” e criticando a delação premiada de Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato. Ele afirmou que a delação foi manipulada para beneficiar o delator, enquanto os Brazão “apodrecem numa cadeia”. Quaquá escreveu: “Eu não vou assistir à dor desta família que vê dois entes queridos apodrecerem numa cadeia desumana, enquanto os assassinos confessos armam uma delação para reduzir a pena e viver numa boa, numa cadeia boutique. Eu quero afirmar o que já afirmei diversas vezes, porque não só conheço Domingos e Chiquinho Brazão, mas, além disso, li todo o processo e não há sequer uma prova prova contra eles!”

Operação Overclean

Deflagrada em dezembro do ano passado, a Operação Overclean desvendou um esquema milionário de corrupção envolvendo fraudes em licitações e desvio de recursos públicos por meio de contratos superfaturados. O grupo criminoso centralizava suas operações no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e utilizava empresas fantasmas para justificar pagamentos ilícitos e lavar dinheiro. Entre os principais responsáveis estavam Alex Rezende Parente, que coordenava o esquema, e seu irmão Fábio Parente, encarregado das operações financeiras.

José Marcos de Moura, também conhecido como Rei do Lixo, articulava politicamente para expandir a rede de influência, enquanto Lucas Maciel Lobão Vieira gerenciava obras e contratos, principalmente no Dnocs, por meio da empresa Allpha Pavimentações.

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