Família ainda busca respostas sobre restos mortais de mulher que sumiram em cemitério de Poá
Exumação revelou corpo de homem em túmulo apontado como sendo o de Julia Cândido da Silva, enterrada em 2022 no Cemitério da Paz. Familiares aguardam próximo procedimento para tentar localizar os restos mortais.
A família procura ossada de parente enterrada três anos atrás.
A família de Julia Cândido da Silva, enterrada em 2022 no Cemitério da Paz, em Poá, vive uma angústia sem respostas. Na tentativa de exumar os restos mortais da mulher, os familiares descobriram que no túmulo apontado pela administração não estava Julia, mas sim o corpo de um homem.
De acordo com Diana Lima, que é neta de Julia, nos últimos anos a família visitou normalmente o túmulo identificado como sendo o da mulher. No entanto, quando chegou o dia da exumação, os funcionários do cemitério desconsideraram a marcação que os parentes apontavam e seguiram uma “nova contagem” feita pela administração.
Mesmo a família afirmando que aquele não era o local correto, os funcionários abriram outro jazigo, onde encontraram o corpo de um homem que, inclusive, não foi identificado.
A neta relata que, a partir daí, o cemitério passou a dar versões diferentes: primeiro, disseram que a ossada de Julia estaria “nos pés” do túmulo que a família visitava. Depois, afirmaram que poderia estar embaixo de outro corpo que foi enterrado no espaço.
Agora, nesse túmulo em que os restos mortais de Julia possivelmente estão, foi enterrada uma outra mulher. Esse sepultamento, no entanto, é recente e só poderá ser reaberto dentro de três anos, o que deixa a família sem a certeza de onde Julia está enterrada.
Segundo Diana, a família também não recebeu nenhum tipo de apoio do cemitério ou da prefeitura durante todo o processo. “Até o momento não houve nenhum retorno, nem da prefeitura, nem do cemitério. Em nenhum momento deram qualquer auxílio ou suporte”, disse.
Ela criticou a justificativa de que tudo teria sido causado por um erro da antiga gestão. “A antiga gestão pode até ter contado errado, mas quem fez a exumação foi a atual. Se o túmulo estava identificado, por que não ligaram para a família antes de trocar a lápide de lugar, sem saber quem estava ali?”, questionou.
A neta ainda relatou que situações semelhantes já teriam ocorrido com outros sepultamentos no local. Segundo Diana, familiares de outros mortos também encontraram ossadas sumindo ou enterradas em lugares diferentes do informado, reforçando, segundo ela, que o problema é recorrente.
Diante da confusão, a família já busca orientação jurídica. “Estamos conversando com advogado para poder entrar com ação e acompanhar as exumações futuras. Queremos ter certeza de que a minha avó está onde deveria estar”, afirmou Diana.
Outro túmulo, próximo ao que a família considerava ser o de Julia, abriga o corpo de uma mulher que morreu há três anos e deverá ser exumada em breve. Os familiares vão acompanhar esse processo para verificar se os restos mortais de Julia estão ali e, caso não estejam, darão seguimento à ação judicial.
O QUE DIZ A PREFEITURA
A DE questionou a Prefeitura de Poá sobre a necessidade de a família esperar três anos, a exumação sem autorização e a identificação do homem encontrado, além de perguntar sobre outras inconsistências relatadas.
A administração municipal se limitou a dizer que recebeu a denúncia com profunda indignação e consternação, e reforçou que o fato relatado ocorreu antes do início da atual gestão, empossada em janeiro de 2025.
“A Prefeitura de Poá mantém contato permanente com a família envolvida, prestando total solidariedade e apoio. Reitera, ainda, que todas as possíveis irregularidades apontadas na denúncia estão sendo devidamente apuradas por meio de sindicâncias internas, com o objetivo de identificar responsabilidades, conforme prevê a legislação vigente”, afirmou em nota.