Família de presos em caso de delator do PCC diz que PMs botaram munições para incriminá-los; TJ julgou prisões ilegais
Allan e Marcos Henrique Soares, detidos na sexta, tiveram ‘prisão em flagrante relaxada por ilegalidade’ neste sábado (7). Matheus, irmão de Marcos, segue preso por suspeita de ajudar olheiro, que avisou atiradores sobre chegada de empresário no aeroporto.
A família de dois presos por suspeita de participar da execução do PCC Vinicius Gritzbach no Aeroporto Internacional de São Paulo DE alega que uma sacola com munição de fuzil foi colocada por policiais militares para incriminá-los.
Na tarde de sexta-feira (6), a Polícia Militar recebeu uma denúncia anônima sobre Marcos Soares Brito, e foi até a casa dele, na Zona Leste de São Paulo DE, para averiguação. Chegando lá, os policiais militares disseram que encontraram munições dentro do carro, que estava em frente à casa.
79 munições de calibre 762, um carregador de fuzil calibre 556 municiado com 30 cartuchos e outro carregador calibre 556 vazio estavam em uma sacola preta plástica no banco do passageiro. O material foi apreendido e levado para perícia.
O carro é de Allan Pereira Soares, tio de Marcos, e os dois acabaram presos em flagrante por porte ilegal de munição. Eles não tinham mandado de busca e apreensão.
A mãe de Marcos gravou um vídeo do carro e os PMs dizem “a senhora pode filmar, mas pode filmar de lá, por gentileza. Os policiais mostram a sacola de munição de fuzil, cartuchos deflagrados, mas a família afirma que as balas não estavam lá.
Na audiência de custódia neste sábado (7), a Justiça considerou as prisões ilegais. Allan Soares e Marcos Henrique Soares tiveram prisão em flagrante relaxada “por ilegalidade, com pedido neste sentido da representante do Ministério Público”, afirmou o Tribunal de Justiça.
Na madrugada de sábado, Matheus Soares Brito, irmão de Marcos, foi preso. Segundo a polícia, ele é o principal alvo das investigações suspeito de ter auxiliado o olheiro Kauê do Amaral Coelho a fugir de São Paulo, após a execução de Gritzbach e de ter ficado com o celular dele.
Kauê foi apontado pelas autoridades como o “olheiro” que avisou os atiradores sobre a chegada do empresário no aeroporto. Ele também foi o primeiro suspeito identificado pela força-tarefa.
Em depoimento, Matheus confirmou que conhece Kaue e que foi até a casa dele pegar objetos pessoais e roupas, mas negou ter viajado com o olheiro. Ele teve a prisão temporária, de 30 dias, decretada.
O QUE DIZ A DEFESA DE MARCOS
“O futuro Dr Marcos Soares é bacharel em Direito, tem 22 anos, aguarda a segunda fase do exame de Ordem dos Advogados do Brasil e trabalha como estagiário do Dr Guilherme Vaz, em escritório de direito empresarial. Mesmo com uma vida simples e humilde, é o primeiro da família a completar ensino superior. O jovem tem vida absolutamente imaculada e sem qualquer passagem policial. Nunca foi afeto a armas ou munições, sendo que tais materiais não são de sua propriedade e não estavam em seu poder quando da apreensão.”
“Em que pese as declarações do Coronel VALMOR RACORTI ter sido no sentido de que ‘é certeza que foi ele quem teria levado Kaue para o Rio de Janeiro’ a defesa tem diversos meios para provar que isso não é verdade. A defesa ainda não teve acesso aos autos mas, desde já, registra que o mandado de busca e apreensão não foi apresentado até o momento. Compreende-se à vontade e voluntariedade das Polícias (civil e Militar) em desvendar os fatos, todavia, não serão toleradas e nem admitidas quaisquer manobras para atribuir os fatos a pessoa inocente, ficando registrado que os culpados por tal erro serão devidamente responsabilizados. Por fim, a Defesa permanece à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e confia no pleno esclarecimento dos fatos no âmbito do devido processo legal.