Idoso morre durante queda de energia em Goiânia e família alega negligência

A família de João Batista da Silva, de 72 anos, denunciou que o idoso morreu nesta segunda-feira, 31, após o fornecimento de energia do Cais Amendoeiras, em Goiânia, ser prejudicado pela forte chuva que atingiu a capital. O idoso estava na Semi-UTI, enquanto aguardava vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O ajudante de pintor, Murillo Alves Nunes, genro de João, conta que a família levou o idoso à unidade de saúde na madrugada desta segunda, após ele sentir falta de ar, além de vomitar repetidas vezes. 

Ao chegar no local, João precisou ser entubado com urgência devido ao grave quadro de saúde em que se encontrava. Porém, por volta das 17h da tarde, o fornecimento de energia da unidade de saúde foi interrompido, fazendo com que os aparelhos que mantinham o idoso vivo fossem prejudicados.

“Ele gritava de dor no peito. Quando a energia acabou, ela acabou apenas na ala da semi-UTI, o resto do Cais tinha energia. Falamos com os responsáveis, mas eles disseram que a máquina tinha uma bateria de duas horas. As horas se passaram e a energia não voltou. A gente falou para colocar extensões para levar energia até ele, mas não deixaram. Riram da gente, falaram para não se preocupar”, disse.

Descaso e morte

Murillo conta ainda que a energia foi reestabelecida após mais de duas horas, momento em que as baterias dos aparelhos acabaram, forçando a equipe médica a realizar o atendimento ao idoso de forma manual. 

João, que tinha problemas cardíacos e água nos pulmões, porém, não resistiu e acabou falecendo momentos depois da energia ser restabelecida. Na certidão de óbito, as causas apontadas para a morte do paciente foram: choque, edema agudo de pulmão, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial.

“Foi um descaso muito grande com a família, fomos muito maltratados. Nem bicho deveria ser tratado daquela forma. Não deram atenção para nós, em uma maior ironia. Além disso, a energia não voltou tão rápido quanto eles falaram. Nem o IML eles deixaram a gente chamar”, concluiu Murillo.  

Resposta 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informou que o idoso foi assistido pela equipe médica da unidade e seu falecimento não tem nada a ver com a queda de energia. 

A pasta reforçou que o respirador utilizado pelo paciente é provido de bateria e continuou funcionando normalmente, mesmo após a interrupção na rede elétrica. 

“Havia outro respirador com bateria pronto para ser utilizado. A Enel foi comunicada da queda de energia e de que se tratava de uma unidade de saúde e não demorou muito para que o serviço fosse reestabelecido”, informou a nota.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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