O motorista de aplicativo Daniel Augusto de Souza, irmão do fiel baleado na igreja da Congregação Cristã no Brasil após uma suposta briga por política, desabafou nesta sexta-feira, 9, que a família da vítima não recebeu apoio dos pastores e líderes da igreja.
“Para mim, isso é pior que o tiro. Não recebemos uma ligação dos pastores anciãos para saber como estamos. Nenhuma visita”, desabafou Daniel ao G1
Ao G1, um membro do conselho de anciãos da Congregação Cristã em Goiânia disse que não há uma visita programada ao fiel baleado. O membro, que preferiu não se identificar, contou que não há um diretor na hierarquia da igreja e as decisões são tomadas pelo conselho.
“Foi uma confusão entre dois membros. Como a igreja não é responsável por atos dos seus membros, a situação foi criada entre eles mesmos. A situação ocorreu num corredor, tanto que o culto continuou porque ninguém ouviu”, declarou o ancião.
Discussão no corredor
A discussão entre Davi Augusto de Souza, que foi baleado, e o policial militar Vitor Silva Lopes, que atirou, aconteceu durante um culto no último dia 31 de agosto, em uma igreja localizada no Setor Finsocial, em Goiânia. Daniel disse que o culto continuou enquanto os bombeiros prestavam socorro ao irmão.
Em sua versão, o cabo da PM Vitor da Silva Lopes disse que foi atacado pela vítima e seus familiares e que acabou reagindo. Num dado momento, ele achou que a vítima iria tomar a arma dele e, por isso, a sacou e pediu para se afastar, o que não teria acontecido. Para se defender, ele então disparou na perna da vítima para cessar as agressões, sem intenção de matá-la.
A arma e o celular do PM foram apreendidos pela Polícia Civil. Em nota, a corporação disse que até essa sexta-feira, 9, 13 pessoas já foram ouvidas incluindo o autor, vítima, familiares, testemunhas oculares e cooperadores da igreja,
Relembre o caso
Davi foi baleado dentro da Igreja Congregação Cristã no Brasil. Segundo o irmão da vítima, a briga ocorreu devido a um circular sobre eleições que foi distribuído na igreja, pedindo aos fiéis que não votassem em candidatos que têm plano de governo a favor da desconstrução da família. A publicação foi realizada em abril deste ano e lida em todas as congregações.
Segundo Daniel, irmão da vítima, Davi levantou para beber água e o policial também. Do lado de fora, o irmão, o policial e outra pessoa começaram um debate sobre quem da igreja apoia ou não o governo, que os membros não deveriam votar na esquerda. Ele contou também que o culto seguiu normalmente enquanto o irmão era atendido pelo Corpo de Bombeiros no corredor do templo.
“Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher”, diz a carta.
Um procedimento administrativo disciplinar foi aberto pela Polícia Militar para verificar a conduta do policial e ele segue trabalhando normalmente.