Comparações com a guerra em Gaza, polarização política e 60 milhões de
interações: FGV analisa reação das redes sobre megaoperação
Um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) analisou a repercussão nas redes sociais da megaoperação policial que ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão no Rio de Janeiro. A análise considerou 1,9 milhão de publicações no X, Instagram, Facebook, YouTube e em sites de notícias entre terça (28) e quarta (29), revelando o impacto digital da operação, que foi a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Durante a megaoperação, foram resgatados dezenas de corpos na mata entre Alemão e Penha. O intenso confronto resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais, dominando o debate digital não apenas no Rio, mas em todo o Brasil.
Segundo a FGV, mais de 60 milhões de interações foram registradas entre 0h de terça-feira (28) e 14h de quarta-feira (29) sobre a operação nos diferentes meios digitais analisados. O estudo revelou que o comportamento das redes foi marcado por uma forte polarização política, com comparações sendo feitas com a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
A operação, que mobilizou 2,5 mil agentes e gerou intensos confrontos na capital fluminense, provocou mais de 500 mil buscas sobre o estado do Rio de Janeiro no Google em apenas 24 horas. A análise da FGV destacou que o tema teve uma alta capilaridade e repercussão em diversos tipos de perfis, indo além do campo político.
Nas redes sociais, as discussões se concentraram em críticas ao governador Cláudio Castro, acusado de politizar a operação, e em defesas da ação, que pediam uma atuação mais firme do governo federal. As narrativas dominantes abordaram a questão da segurança pública, com a direita usando a tragédia para reorganizar seu discurso e destacar a necessidade de combate ao crime.
Segundo o estudo da FGV, as figuras políticas mais mencionadas estavam diretamente ligadas à operação, com o governador Cláudio Castro e o ex-presidente Lula sendo os principais alvos das críticas e elogios, respectivamente. A disputa de culpabilização pelos desdobramentos da operação foi intensa nas redes sociais, refletindo também nos aplicativos de mensagens.
A megaoperação, batizada de Operação Contenção, foi a mais letal da história do Rio de Janeiro, resultando em 121 mortos, 113 presos e mais de 90 fuzis apreendidos. Os confrontos foram intensos e geraram uma onda de violência na região. Moradores e organizações civis denunciaram execuções e excessos policiais, enquanto o governo estadual justificou a ação como uma tentativa de conter o avanço territorial de facções criminosas.




