Condenado pela Fifa à perda de seis pontos na próxima Série B do Brasileiro, o Cruzeiro ainda terá mais uma ordem de pagamento a cumprir em maio: trata-se da compra do atacante Willian, ainda em 2014, vindo do futebol ucraniano. O pagamento precisa ser feito até o dia 29. É só um da extensa lista de casos que o clube acumula na Fifa. São dívidas pela contratação de jogadores, em negociações internacionais, proteladas desde 2014. Para piorar, a pandemia ainda acarretou uma queda drástica de receitas do clube, que acumula atrasos no pagamento de salários.
Desde 2014, ano que marcou o bicampeonato brasileiro, o Cruzeiro realizou compras fora do país e, na maioria dos casos, não quitou os acordos realizados. A dívida pela compra do atacante Willian, cobrada pelo Zorya Luhansk, é de 1.462.500 euros (cotação hoje em R$ 9 milhões aproximadamente). O caso envolve falência do clube ucraniano e até falsificação de documentos.
Mais duas ordens de pagamento são aguardadas para o segundo semestre: da compra do zagueiro Kunty Caicedo, do Independiente del Valle, e do meia Arrascaeta, do Defensor. O defensor foi contratado em 2016, enquanto o meia chegou em 2015. Ambos já estão fora do clube. O Cruzeiro divulgou um balanço dos valores que seriam discutidos na Fifa nos próximos meses.
No fim de janeiro, o Cruzeiro revelou que precisaria quitar, entre este ano e 2022, R$ 52 milhões em débitos desses processos. Para azar do clube, com a valorização de moedas estrangeiras frente ao real, essa dívida supera os R$ 81 milhões, dos quais R$ 36,6 precisam ser pagos ainda no primeiro semestre, R$ 43,7 milhões no segundo semestre e R$ 1,1 milhão em 2021. A dívida total teve um aumento em torno de 55% em relação ao que foi divulgado em janeiro.
A situação preocupa ainda mais por causa da drástica queda de receitas no clube, que perdeu com arrecadação em relação aos associados e também com contratos de patrocinadores suspensos.
– Estamos vivendo um momento de exceção, em que o mundo está sofrendo com as consequências desta crise com o Coronavírus. Todos sabem da falta de recursos do Cruzeiro, e o clube teve suas receitas ainda mais comprometidas pela situação de pandemia – explicou Sandro Gonzalez, CEO do clube, sobre o momento vivido.
Dívidas se acumulam
O débito de Willian é o único referente a uma transação de 2014. Das negociações realizadas em 2015, além de Arrascaeta, o Cruzeiro também discute com o Morelia, do México, uma cobrança de 1,15 milhão de dólares aproximadamente pela compra do atacante Riascos.
O ano de 2016 ainda traz débitos referentes às compras dos atacantes Rafael Sobis, vindo do Tigres, que discute o pagamento de 3 milhões de dólares em ações desmembradas, e de Ramón Ábila, vindo do Huracán. No caso do atacante argentino, o clube mineiro recebeu o perdão da dívida do clube de Buenos Aires, mas ainda enfrenta uma cobrança do Instituto de Córdoba, que busca receber valores do mecanismo de solidariedade.
Daquele ano, o Cruzeiro ainda discute o pagamento de débitos com o técnico português Paulo Bento e sua comissão técnica, em dívida que já supera R$ 1 milhão. Em 2017, o caso discutido do Cruzeiro é refente à vinda do meia Thiago Neves. Nela, o Cruzeiro ingressou solidariamente em relação à discussão da quebra de contrato entre o jogador e o Al Jazira, que cobrava 9 milhões de euros pela quebra de contrato.
No ano passado, o clube conseguiu encerrar dois casos discutidos na Fifa. O primeiro foi do atacante Gonzalo Latorre, que veio como contrapeso na contratação de Arrascaeta. Foram pagos R$ 18,5 milhões ao Atenas, do Uruguai. Também encerrou a discussão da compra do meia Pisano ao negociar o volante Lucas Romero com o Independiente. Todas essas contratações foram realizadas ainda na gestão de Gilvan de Pinho Tavares, que presidiu o clube até o fim de 2017.
A gestão de Wagner Pires de Sá não quitou os débitos já existentes e acrescentou mais um à lista. O novo caso é em relação ao atacante Pedro Rocha. O Spartak, da Rússia, discute o pagamento de R$ 4 milhões aproximadamente pelo empréstimo do jogador.