Última atualização 02/01/2023 | 09:00
O Brasil teve confirmado o primeiro caso de uma doença causada por um fungo raro. O caso foi confirmado pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). A meningoencefalite, que causa uma infecção do sistema nervoso central, foi causado por Penicillium chrysogenum. O caso ocorreu em setembro de 2021, mas só foi divulgado agora, após publicação na revista científica International Journal Of Infectious Diseases. De acordo com a divulgação do caso a paciente tinha um histórico saudável e sem comorbidades.
“Uma adolescente de 14 anos foi diagnosticada com uma infecção grave no cérebro e meninges causadas pelo fungo, mesmo com tratamentos com fungicidas a jovem não resistiu e faleceu no Hospital Naval Marcílio Dias, na cidade do Rio de Janeiro”, informou o instituto por meio de nota.
A jovem apresentava sintomas como dores de cabeça, vômito e fotofobia (aversão à luminosidade) quando deu entrada no hospital. Após exames preliminares, o fungo foi encontrado em análise de um fluido do cérebro chamado líquido cefalorraquidiano. As amostras coletadas foram encaminhadas para o laboratório da Fiocruz, que confirmou o diagnóstico. A adolescente foi tratada com medicamentos antifúngicos, mas não resistiu e morreu. Ainda não se sabe como a menina foi infectada.
O pesquisador Manoel Oliveira explica que a meningoencefalite geralmente é causada por infecções relacionadas a bactérias ou fungos do Cryptococcus. Segundo ele foi um espanto identificar que este caso estava relacionado ao Penicillium e de uma espécie que ainda não tinha sido descrita no país como causadora da doença.
“A gravidade desse caso nos preocupa por ter ocorrido principalmente em uma paciente imunocompetente, pois pode significar que o fungo tem um perfil de escape da resposta imunológica. O caso poderia ter tido uma evolução ainda mais rápida e complicada em pacientes com a imunidade comprometida, como pessoas com HIV/Aids ou em tratamento da Covid-19”, complementa.
De acordo com o texto, os casos de infecções fúngicas vêm aumentando, especialmente entre as pessoas imunossuprimidas nos últimos 10 anos.