Análise: Fluminense supera atuação apática para seguir vivo no Carioca, mas precisa evoluir
Vitória sobre o Bangu tem tons de drama e mostra um time que ainda tem dificuldade de dominar adversários, mesmo os mais frágeis. O Fluminense cumpriu a missão, venceu o Bangu por 3 a 2 com gols de Sanchez (contra), Canobbio e Serna, e se classificou para a semifinal do Carioca. Mas o que se viu em campo passou longe de satisfazer os pouco mais de 14 mil torcedores que compareceram ao Maracanã e outros tantos que pararam para assistir pela TV neste domingo.
Ainda que a escalação fosse a mesma que venceu o Nova Iguaçu uma semana antes, a atitude do time foi completamente diferente. A equipe entrou em campo precisando vencer e fazer saldo para se classificar sem sustos. Do outro lado, tinha o lanterna do Carioca, que não venceu uma partida sequer e havia marcado apenas dois gols no torneio, até então. Se a expectativa era de um time que dominasse e pressionasse o rival, não foi o que aconteceu.
O Fluminense começou a partida com baixa intensidade e sem conseguir encontrar soluções para atacar um Bangu muito fechado na defesa, como era o esperado. O time trocava passes de forma lenta e, quando perdia a bola, não fazia bem a pressão para recuperá-la rapidamente. Atuando centralizado, Jhon Arias passou boa parte do primeiro tempo encostando mais nos pontas. Essa parecia a estratégia da comissão técnica, usar os lados para abrir espaços e criar chances. Porém, na maior parte dos 45 minutos iniciais, o time forçava as jogadas por dentro.
Com Arias aberto, o espaço tinha poucos jogadores tricolores. O resultado quase sempre era a perda da bola para o Bangu. Sem encontrar soluções, o time passou a apostar em bolas longas, e foi de uma delas que saiu o primeiro gol. Freytes acionou Fuentes na infiltração, o lateral cruzou para Cano que finalizou travado. No rebote, Sanchez jogou contra o próprio gol. O resultado dava a classificação de momento, já que o Vasco empatava e o Madureira perdia, mas a atuação ainda não convencia.
Em uma das muitas bolas forçadas por dentro, o Bangu recuperou, contra-atacou e empatou em gol contra de Freytes. A partir do empate, a apatia deu lugar ao nervosismo, com as arquibancadas perdendo a paciência.
O time passou se jogar para o ataque de forma desorganizada e a cada erro as vaias se acumulavam. O intervalo não podia vir em melhor hora. Mano Menezes apostou nas entradas de Lima e Serna, com o intuito de melhorar a criatividade pelo meio e ter mais jogo pelo lado direito. Deu certo. O colombiano foi o responsável por trazer a tranquilidade à partida. Primeiro, em boa infiltração pela direita para encontrar Canobbio na pequena área. O uruguaio só teve o trabalho de empurrar para o gol vazio.
Pouco tempo depois, o próprio Serna aproveitou rebote após cobrança de escanteio e ampliou. O 3 a 1 era o placar da tranquilidade. O suficiente para o time jogar solto e construir um placar ainda melhor, mas a paz durou pouco. Um pênalti bobo cometido por Freytes deu a oportunidade para o Bangu de reduzir a vantagem e trouxe o nervosismo de volta ao cenário. As arquibancadas voltaram a se inflamar e a vaiar, mais especificamente o zagueiro a partir de então.
Os minutos finais foram de um time que optou por correr poucos riscos para evitar o pior em uma tarde pouco inspirada. No fim, foi o suficiente para se classificar. Mas não fica mais fácil daqui para a frente. O Fluminense entra em uma semana de decisões, com viagem para Belém pela Copa do Brasil, semifinais do Carioca e uma eventual segunda fase da Copa do Brasil. A pressão vai aumentar, o nível de exigência dos adversários também. E a equipe de Mano Menezes vai precisar evoluir se quiser recuperar a confiança da torcida, abalada desde 2024.