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Fome atinge 29,2 milhões de brasileiros no fim do governo Bolsonaro

Última atualização 16/05/2023 | 16:33

O número de pessoas em situação de vulnerabilidade aumentou no Brasil no fim do governo Bolsonaro, de acordo com um levantamento publicado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A fome chegou a atingir 29,2 milhões de brasileiros no final de 2021, número só superado pelo início da pandemia, em 2020.

 

Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um estudo que apresentou uma queda na desigualdade no Brasil, chegando ao menor nível em 11 anos. Os motivos para isso foram a melhora no mercado de trabalho e o aumento do valor do Auxilio Brasil, programa social promovido pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Apesar disso, ao cruzar este estudo do Instituto com os dados da Pesquisa Nacional por Domicílios (Pnad), da Pesquisa de Orçamentos Familiares e com os dados da inflação, o estudo em virtude destes programas sociais, parte da população ainda não consegue ter o suficiente para garantir uma alimentação saudável. E o principal motivo é a inflação alimentar.

 

No final de 2021, o número de brasileiros que viveram algum tipo de segurança alimentar chegou a 29,2 milhões, o que representa mais de 10% da população do país. Entre o fim de 2018 e o primeiro trimestre de 2019, o número era de 25,6 milhões.

 

A quantidade deu um salto após o início da pandemia, chegando a 31 milhões, e mesmo após a aplicação dos fatores econômicos citados pelo IBGE, o alto custo dos alimentos fez aumentar a fome entre o fim de 2021 e o começo de 2022. 

 

O responsável pelo estudo da FGV, Daniel Duque, afirmou que o aumento do valor dos alimentos supera a redução da desigualdade, uma vez que os fatores como a Guerra da Ucrânia, problemas na produção e outros fizeram com que o aumento neste setor chegasse a 40%. E assim atingindo fortemente as populações mais baixas, que não têm recursos para se alimentar com o que é mais básico. 

 

“Certamente são questões correlacionadas, mas a gente está falando de fenômenos diferentes”, explica Duque. “Claro que a gente não quer uma distância entre ricos e pobres muito grande, então a gente tem que se preocupar com a desigualdade e tem que comemorar quando ela cai. No entanto, isso não significa que porque a gente observou um aumento da desigualdade que houve também necessariamente uma redução do número de pessoas em insegurança alimentar”, argumenta.

 

Ainda de acordo com o analista da FGV, a grande questão está na diferença entre o aumento da renda da população e o acréscimos dos alimentos, provocado pela inflação neste setor, que foi muito maior que nos outros.

 

“Isso vai depender da renda das pessoas, mas também do preço dos alimentos, e como a renda daquelas pessoas que estão no limiar mais baixo da sociedade vai funcionar com a alimentação”, finalizou.