Fome no Brasil dá um salto e chega a 33,1 milhões de pessoas

A fome no Brasil avança e já alcança 33,1 milhões de pessoas, 14 milhões a mais do que o constatado há dois anos pela pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil), passando a atingir 15,5% da população. Em 2020 eram 9,1%. A insegurança alimentar chega, em algum grau, a mais de 125,2 milhões de brasileiros, 58,7% da população brasileira.

A pesquisa mostra que lares chefiados por mulheres e famílias negras são os mais atingidos pela fome. Ela atinge 65% dos domicílios comandados por pessoas pretas e pardas, que convivem com restrição de alimentos em qualquer nível e em 63% de lares com responsáveis mulheres.

A região Centro-Oeste é a que tem o menor índice de pessoas com fome no Brasil. Atualmente, 2,15 milhões de pessoas passam fome nos estados considerados celeiro do país. O Nordeste é a região com mais pessoas nessa condição. São 12,12 milhões de pessoas. A Sudeste, que gera a maior riqueza para o país, convive com 11,74 milhões de pessoas sem comida no prato. Na região Norte são 4,85 milhões e na Sul, 3,01 milhões de brasileiros sem alimentos diários.

A pesquisa ainda mostra que a fome e suas consequências são perpetuadas. Isso porque ela atinge brasileiros ainda em formação, menores de 18 anos. Em apenas 13,5% das casas onde há insegurança alimentar vivem somente adultos. Em 25,7% das casas com 3 ou mais pessoas menores de 18 anos; em 20,2% casas com duas pessoas menores de 18 anos e em 14,8% casas com uma pessoa menor de 18 anos.

Apenas 41,3% dos brasileiros têm segurança alimentar, que é quando tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para o seu sustento. Este é o primeiro dos parâmetros da segurança alimentar. Nos demais, a insegurança é avaliada de forma leve, quando há a preocupação ou incerteza de que a família terá alimentos no futuro.

A moderada, quando já há redução na quantidade e no padrão dos alimentos na residência; e a grave, quando há redução na quantidade de alimentos entre as crianças e ruptura nos padrões de alimentação por causa da falta de alimentos. A leve atinge 28% dos brasileiros, enquanto a moderada chega a 15,2% e a grave, 15,5%, totalizando os 58,7% da população com insegurança alimentar no Brasil.

Para o vice-presidente da Central Única das Favelas em Goiás(CUFA-Goiás), Wanderson Carlos Pereira dos Santos, a questão da fome é gritante. Mesmo antes da pandemia, segundo ele, via famílias preocupadas em conseguir alimentos. E isso aumentou de forma exponencial.

“Vimos isso muito de perto. É o desemprego, a alta da inflação, o preço dos alimentos nas alturas. A cesta básica leva 60% do salário mínimo. Então, muita gente com carteira assinada, ganhando salário mínimo, sofre de segurança alimentar”, conta.

Ele lembra que o Brasil e suas safras cada vez maiores alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e aceita que 33,1 milhões de brasileiros passem fome. “É um contraste. Uma parte muito pequena da população tem de sobra. Outra parte fica com a sobra ou não tem alimentação”. O problema se agrava quando a família é chefiada por mulheres negras, mães solo, arrimos de família. “Muitas vezes elas têm 2, 3 filhos. Precisam comprar alimentos, pagar água, luz e internet pros filhos estudarem. O dinheiro não dá”.

Com fome, os problemas de saúde e de aprendizado são potencializados nas crianças e adolescentes, segundo ele, e isso vai se perpetuar pela vida. “Essa pessoa terá as consequências da fome ao longo de sua vida e isso é absurdo. O modelo econômico prioriza o agronegócio e a exportação de grãos em detrimento da agricultura familiar, que alimenta o brasileiro”.

A Cufa Goiás arrecada alimentos doados por pessoas jurídicas e físicas, organiza cestas básicas de alimentos, produtos de higiene e distribui para famílias vulneráveis a partir da necessidade expressa por associações de moradores de bairros de 35 cidades goianas.

Em dois anos de atuação já beneficiou 200 mil famílias (800 mil pessoas). Quem quiser doar alimentos para a Cufa Goiás ou solicitar a doação de cestas, basta entrar em contato pelo número 62- 3507-9297, pelas redes sociais @cufagoiasoficial ou pelo site www.cufago.com.br

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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