Intoxicação por metanol: força-tarefa nacional coleta amostras para testes químicos em Limeira
Outros 20 municípios em cinco estados foram alvos da operação. Ideia é comparar amostras com as obtidas em bebidas falsificadas apreendidas.
Metanol em bebidas: só teste de laboratório pode detectar
Uma força-tarefa com agentes da Polícia e Receita Federal, da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Ministério da Agricultura e Pecuária coletou amostras para análises químicas em Limeira (SP) na manhã desta quinta-feira (16).
Com objetivo de rastrear a origem do metanol em bebidas alcoólicas, a operação fiscaliza locais suspeitos de funcionarem como fábricas clandestinas e usinas ilegais. Além da cidade no interior paulista, outros 20 municípios em cinco estados foram alvos da operação.
As coletas foram feitas em empresas atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol.
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A Receita informou que as empresas foram selecionadas com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até a possível destinação irregular. Os alvos incluem:
– Importadores
– Terminais marítimos
– Empresas químicas
– Destilarias
– Usinas
A investigação indicou que:
– Importadores trazem o metanol ao país, usam em processos e revendem para empresas químicas.
– Terminais marítimos armazenam grandes volumes de metanol até o envio às fábricas ou clientes finais; nas vendas a terceiros, o produto sai direto do terminal.
– Empresas químicas compram metanol de importadores para uso ou revenda. Há indícios de desvio de parte do produto fora da cadeia regular de produção.
– Destilarias teriam adquirido metanol de “noteiras”, com notas fiscais fraudulentas indicando caminhões e motoristas que nunca chegaram ao destino.
– Usinas e distribuidoras de etanol estão sob verificação por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, ajudando a rastrear possíveis lotes adulterados ou desvios.
O Ministério da Saúde divulgou que, até esta quarta (15), o Brasil registrou oito mortes confirmadas por intoxicação, seis em São Paulo e duas em Pernambuco.
ADULTERAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
A ideia é comparar as amostras com as obtidas em bebidas falsificadas apreendidas para, a partir disso, entender de onde veio a substância. A ação desta quinta é um desdobramento de operações anteriores que revelaram adulteração de combustíveis com metanol.
> “Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública”, complementou a Receita, em nota.
COMO FUNCIONAVA ESSA CADEIA?
– O esquema consistia na compra de metanol importado por empresas químicas regulares, que repassavam o produto a empresas de fachada.
– Estas, por sua vez, desviavam o produto para postos de combustíveis.
– Nos postos, o metanol era adicionado de forma ilícita à gasolina comercializada ao consumidor final.
CIDADES
As coletas foram realizadas em 24 empresas localizadas em 21 cidades e cinco estados. Veja o detalhamento abaixo:
– Mato Grosso: Várzea Grande.
– Mato Grosso do Sul: Caarapó, Campo Grande e Dourados.
– Paraná: Araucária, Colombo e Paranaguá.
– Santa Catarina: Cocal do Sul.
– São Paulo: Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira (SP), Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano.