As forças militares do Iraque recuperaram nesta quinta-feira o controle do aeroporto de Mossul, segundo informou a televisão estatal, que mostrava soldados fazendo o gesto da vitória e agitando a bandeira nacional. A tomada do aeródromo e de uma base militar próxima, ambos em mãos do Estado Islâmico(EI) desde junho de 2014, constitui um passo significativo na ofensiva, iniciada no domingo, para expulsar esse grupo do oeste de Mossul. Seus milicianos se agruparam na parte antiga da cidade, na margem direita do Tigre, desde que as tropas governamentais reconquistaram a parte oriental em janeiro.
Trata-se de uma operação em duas frentes. Enquanto as Forças de Intervenção Rápida (unidades de elite do Ministério do Interior) avançavam sobre o aeroporto, situado no sudoeste de Mossul, os membros do serviço Antiterrorista atacaram a a base de Ghazlani, um pouco mais a oeste. Embora ambas as instalações se encontrem muito danificadas pelos bombardeios prévios, as autoridades militares acreditam que lhes servirá como plataforma de lançamento nesta segunda fase da campanha para tirar do Estado Islâmico a cidade que era a segunda mais populosa do Iraque.
Os jornalistas iraquianos que acompanham as tropas relatam a explosão de vários carros-bomba e até de drones-bomba. No entanto, o rápido avanço das tropas uniformizadas, que se apoderaram do aeroporto em apenas quatro horas, indica que não encontraram resistência excessiva. Como havia ocorrido antes no nordeste da cidade, o desafio agora é garantir o controle da área e eliminar as armadilhas de explosivos no terreno conquistado.
Forças especiais norte-americanas observavam o avanço das tropas iraquianas de veículos blindados nas proximidades do aeroporto, segundo informa a Reuters. Os Estados Unidos, que encabeçam uma coalizão de sessenta países contra o Estado Islâmico, não só dão apoio aéreo ao Exército iraquiano como também enviaram cerca de 450 assessores militares para que colaborem no planejamento das operações em terra.
Apesar de as zonas adjacentes ao aeroporto e da base não estarem muito povoadas, dezenas de pessoas aproveitaram a chegada dos soldados governamentais para escapar do Estado Islâmico. Os chefes militares temem que a batalha que os aguarda a partir de agora seja muito mais difícil, já que os carros de combate e outros blindados não podem entrar nas ruelas da parte velha de Mossul. Além disso, os jihadistas escavaram uma rede de túneis que lhes permite se esconderem dos bombardeios.
A ONU estima que ainda estejam na cidade cerca de 750.000 pessoas na parte oeste de Mossul. As organizações não-governamentais estão especialmente preocupadas por situações precedentes em que o Estado Islâmico usou civis como escudos humanos.
Mossul é o último grande bastião do Estado Islâmico no Iraque. Sua perda significa um golpe letal no califado que o líder desse grupo, Abu Bakr al Baghdadi, proclamou no Iraque e Síria em 2014. O Governo de Bagdá lançou uma força de 100.000 homens para reconquistar a cidade em outubro e, três meses depois, em 24 de janeiro, anunciou a libertação da margem oriental. Depois de uma suspensão de quatro semanas, a operação foi retomada. Enquanto isso, a coalizão internacional tenta também minar a presença dos jihadistas do outro lado da fronteira, onde ainda mantêm o controle de Raqqa.