Na Suíça, Temer sugere a Lula “lançar palavra de harmonia” a Trump
Temer considerou inadequado o comentário do líder americano que, já na posse,
afirmou que “não precisa do Brasil”.
Os desafios do Brasil em um mundo em transformação são debatidos no Brazil
Economic Forum, promovido nesta quinta-feira (23/1) em Zurique, Suíça. O evento
reúne empresários e autoridades como o presidente do Supremo Tribunal Federal
(DTF), Luis Roberto Barroso, o ministro do STF Gilmar Mendes, o ex-presidente
Michel Temer e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
O momento de incertezas no cenário global, acentuadas pelo início da
presidência de Donald Trump, dominou as discussões pela manhã, ao lado dos temas relacionados à sustentabilidade.
O ex-presidente Michel Temer defendeu que as relações entre o Brasil e os Estados Unidos sejam menos pessoais, entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, e sim institucionais, entre dois chefes de Estado.
Temer considerou inadequado o comentário do líder americano que, já na posse, afirmou que “não precisa do Brasil”. Porém, avalia que o Brasil não deveria escalar nas declarações.
“O que deve prevalecer é a relação institucional. Tem que fazer, é evidente, algumas observações críticas, se for o caso, mas especialmente lançar uma palavra de harmonia, porque nós não podemos desprezar o poderio da nação americana”, apontou o ex-presidente.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, participou por videoconferência da abertura do fórum e evocou os riscos que pairam sobre a democracia brasileira. “Nós estamos vivendo tempos muito incertos, muito sombrios, de obscurantismo, de negacionismo e de um saudosismo a coisas do passado que foram muito ruins para a humanidade. É muito importante que as pessoas responsáveis desse país possam se unir para fazer o enfrentamento devido de contenção e de combate a esse retrocesso democrático que muitos ainda tentam fazer no Brasil e fora”, argumentou.
A polarização política no país, num contexto em que os dados começam a ser lançados para as eleições de 2026, também foi abordada por Luis Roberto Barroso. “Cada um acha que pode criar a sua própria narrativa, portanto acho que uma das coisas que nós precisamos no mundo contemporâneo é fazer com que mentir volte a ser errado de novo, e a gente possa trabalhar sobre fatos comuns, sobre os quais a gente possa formar a nossa opinião”, apontou.
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, ressaltou que em tempos “desafiadores”, a pressão sobre a solidez econômica do Brasil fica ainda maior. Sidney demonstrou preocupação com o endividamento brasileiro, “apesar do grande esforço da equipe econômica”.
Enquanto isso, a 120 km de Zurique, o Fórum Econômico Mundial de Davos está em compasso de espera para a fala do presidente Trump, por videoconferência. Este deve ser o momento mais importante do evento, que reúne a cúpula econômica mundial no pequeno vilarejo nos Alpes suíços.
A expectativa é como ele vai se posicionar sobre o multilateralismo, o livre comércio, as guerras na Ucrânia e em Gaza, mas também se vai mencionar temas que causaram temores de uma escalada global das tensões, como as possibilidades de anexação da Groenlândia, do Canal do Panamá e até do Canadá.