Família de fotógrafo brasileiro desaparecido no Peru há 10 dias faz ‘apelo
urgente’ ao Itamaraty
Edson Vandeira e dois peruanos seguiram para a montanha Artesonraju na
quinta-feira (29) e estão desaparecidos desde domingo (1°). Operações de resgate
são feitas no Nevado Artesonraju.
Fotógrafo brasileiro desaparecido em montanha no Peru compartilhou expedições
Amigos e familiares do fotógrafo brasileiro Edson Vandeira, de 36 anos,
que
está desaparecido desde domingo (1°) após escalada no Nevado Artesonraju, pico
de 6.025 metros localizado na Cordilheira Blanca, no Peru, enviaram uma carta ao
Itamaraty com apelo por auxílio urgente nas buscas, que já duram 10 dias.
> “Temos esperança de estarem presos em uma fenda, esperando por ajuda”,
> informou a irmã do brasileiro, Jackeline Vandeira.
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Na carta, que tem a assinatura de 18 entidades ligadas ao montanhismo, explica
que a região é de difícil acesso e de condições climáticas severas impõem
desafios que excedem as capacidades das equipes de resgate.
Pedem que as buscas sejam intensificadas, sendo feito contato às autoridades
peruanas para que o resgate avance com equipamentos necessários. Solicitam ainda
que a situação seja tratada como prioridade absoluta.
Entre as entidades que assinaram a carta enviada ao Ministério das Relações
Exteriores do Brasil, estão familiares e amigos da vítima, Marcio Hoepers,
presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, Leandro
Pereira, presidente do Clube União Marumbinismo e Escalada, Vitor Augusto Uhle,
presidente da Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo, entre outros
presidentes e representantes de centros e clubes de montanhismo e excursionista.
Jackeline disse ao DE que o último contato que tiveram ocorreu por meio da
assistência consular da embaixada brasileira. “Só nos dizem que estão cientes da
situação e prestando assistência possível”, disse.
Sobre as buscas, ela informou que estão focando na altura onde as pegadas mais
recentes foram avistadas. Uma equipe segue por lá utilizando drones a partir do
acampamento para varrer áreas específicas da montanha.
> “É muito incerto o que pode ter acontecido. Mas se pensa na possibilidade de
> terem caído em uma greta ou terem sido atingidos por um deslizamento de gelo”,
> afirma.
Veja a carta na íntegra:
“CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (ITAMARATY)
São Paulo, 9 de junho de 2025.
Ao Senhor Ministro Mauro Vieira,
Nós, familiares, amigos e colegas de montanhismo de Edson Vandeira Costa,
fotógrafo e escalador brasileiro de 36 anos, viemos, por meio desta, fazer um
apelo urgente. Edson está desaparecido desde 1º de junho de 2025, quando
realizava uma expedição no Nevado Artesonraju, na Cordilheira Branca, no Peru,
ao lado de dois montanhistas peruanos, Efraín Pretel Alonzo e Jesús Picón
Huerta, que também permanecem desaparecidos.
Desde então, mobilizamos todos os recursos possíveis, em colaboração com
autoridades peruanas e voluntários locais, na tentativa de ampliar as buscas. No
entanto, a região de difícil acesso e de condições climáticas severas impõem
desafios que excedem as capacidades das equipes de resgate no momento. A
operação necessita com urgência de apoio logístico mais robusto, incluindo um
helicóptero especializado para varreduras aéreas em pontos críticos. Diante da
gravidade da situação, apelamos pela atuação urgente do Ministério das Relações
Exteriores, em parceria com a Embaixada do Brasil no Peru, para intensificar as
buscas e garantir que os esforços sejam imediatos, coordenados e eficazes. O
contato direto e a pressão diplomática junto às autoridades peruanas são
indispensáveis para que as expedições de resgate avancem de maneira resoluta,
com os equipamentos necessários.
O governo brasileiro tem o dever de atuar rapidamente para garantir todo o
suporte possível. Cada minuto perdido reduz as chances de um desfecho positivo,
e não podemos permitir que a burocracia ou a falta de ação comprometam vidas. É
urgente que esta situação seja tratada como prioridade absoluta.
Na expectativa de uma resposta rápida e eficaz por parte de Vossa Excelência,
aguardamos sua ação imediata.”
O DE tentou contato com o Itamaraty, porém até a publicação da matéria não
obteve retorno.
1 de 2 Edson morou Campo Grande (DE) e começou a praticar montanhismo há 17
anos. — Foto: Redes sociais
Edson morou Campo Grande (DE) e começou a praticar montanhismo há 17 anos. —
BUSCAS NA MONTANHA
Na manhã de quinta-feira (5), guias que realizam buscas informaram terem
encontrado pegadas perto de um deslizamento de terra,
o que intensificou os esforços de resgate na área.
> “Pegadas que se acredita pertencerem aos jovens foram encontradas perto de um
> deslizamento de terra, o que intensificou os esforços de resgate na área”,
> informou a Associação de Guias de Montanha.
Além do brasileiro, outros dois montanhistas peruanos, Pretel Alonzo Homer
Efraín, 34 anos, e Picón Huerta Jesús Manuel, 31 anos, também estão
desaparecidos. O trio está desaparecido desde domingo (1°), quando deveriam ter
retornado para o local em que estavam acampados.
Apesar das difíceis condições climáticas e do terreno perigoso, as buscas pelos
montanhistas, contam com o empenho de 45 pessoas, entre elas, estão: socorristas
especializados, guias de montanha e familiares.
> “O acesso à região da montanha é muito difícil, leva um tempo para chegar de
> carro e a parte de caminhada dura 15 horas. É muito tempo, cada hora que passa
> a angústia aumenta”, diz a irmã do brasileiro.
DESAPARECIMENTO
O trio seguiu para a montanha Artesonraju na quinta-feira (29). De acordo com o
presidente da Associação de Guias de Montanha do Peru, Beto Pinto Toledo, o trio
foi dado como desaparecido no domingo (1°) quando não retornou a um acampamento
base ao longo da rota de escalada para passar a noite.
Eles tinham como objetivo completar uma rota técnica ao cume da montanha,
localizada dentro do Parque Nacional Huascarán, uma das áreas de montanhismo
mais desafiadoras dos Andes.
2 de 2 Edson concluiu aula para Guia Oficial de Montanhas no último dia 23 de
maio — Foto: Redes sociais
Edson concluiu aula para Guia Oficial de Montanhas no último dia 23 de maio —
QUEM É O FOTÓGRAFO BRASILEIRO?
O fotógrafo nasceu em Suzano (SP) e morou em Mato Grosso do Sul por dois anos,
período em que cobriu as queimadas no Pantanal em 2020.
Edson iniciou a carreira aos 19 anos e tem no currículo trabalhos audiovisuais e
fotográficos com a revista National Geographic e o History Channel. Edson morava
em Huaraz, no Peru, a cerca de 400 km da capital Lima. Ele é especializado em
coberturas fotográficas de aventura.
Em 2021, foi finalista na competição Wildlife Photographer of the Year (WPY), na
categoria fotojornalismo, por um trabalho sobre incêndios no Pantanal
brasileiro.
Em 2022, participou da série Andes Extremo, do History Channel, como personagem
e cinegrafista.
> “Ele sempre foi muito sonhador. E, quando ele tinha mais ou menos 19 anos,
> escalou o Pico dos Marins, na serra da Mantiqueira, e a partir dali ele
> decidiu que seria algo que ele levaria para o resto da vida […] A vida dele
> é a montanha, ele foi morar no Peru para ficar justamente mais próximo da
> montanha, que é a grande paixão”, contou a irmã.
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