França condiciona apoio na Síria à ruptura de rebeldes com extremismo: chanceler alerta para transição segura.

França condiciona apoio na Síria à ruptura dos rebeldes com extremismo

Chanceler francês afirmou que a transição na Síria não deve “deixar espaço para o extremismo e o terrorismo”

Em entrevista à rádio francesa Franceinfo, o chanceler francês Jean-Noël Barrot disse que o grupo rebelde Hayat Tahrir al Sham (HTC), que foi vinculado à Al-Qaeda e tomou o poder no país, deve provar “sua intenção de se afastar do extremismo”.

Segundo ele, o grupo rebelde HTC, que rompeu com a Al-Qaeda, é “um movimento islâmico”. “O estabelecimento de um Estado forte que respeite os sírios em sua diversidade étnica, política e religiosa é, sem dúvida, a melhor garantia que podemos ter contra o risco do terrorismo e das ondas migratórias”, afirmou Barrot, lembrando o êxodo de “centenas de milhares” de sírios em 2015, “que fugiam da tortura e perseguição arbitrária de Assad”.

Para o chanceler, a transição na Síria não deve “deixar espaço para o extremismo e o terrorismo. “Cabe a este grupo demonstrar sua intenção sincera de excluir o islamismo e do jihadismo desta transição e, acima de tudo, organizar uma transição que permita a participação de todas as minorias sírias”, declarou Barrot. “O apoio que a França dará a esta transição política dependerá do respeito às nossas demandas”, acrescentou.

A França cortou relações com a Síria em 2012 após a repressão de um movimento de protesto pacífico. A embaixada da França em Damasco já foi fechada. O chanceler francês insistiu que o respeito por essas minorias era uma condição para “a capacidade da Síria viver em paz e em segurança em sua região”.

Em relação às “poucas centenas de cidadãos franceses” no país, o ministro ressaltou que Paris estava monitorando “atentamente” a situação “através da embaixada romena e representação diplomática da França em Beirute”.

Os países ocidentais temem que o grupo Estado Islâmico se reorganize na região e ganhe mais força com a queda de Assad. Segundo Jean-Noël Barrot, um enviado especial do governo francês chegará ao país nos próximos dias ao país. O ministro francês ainda acrescentou que a Rússia sofreu “uma grande derrota” na Síria.

CHINA PEDE TRANSIÇÃO PACÍFICA

A China também pediu nesta segunda-feira (9/12) “uma solução política” para a Síria. “Esperamos que todas as partes ajam no interesse do povo sírio e encontrem rapidamente uma solução política para restaurar a estabilidade”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, durante uma coletiva de imprensa.

A pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira em caráter de emergência para discutir, a portas fechadas, a situação na Síria. A reunião começa a partir das 15h00 (17h00 de Brasília). O secretário-geral da organização, António Guterres, comemorou o fim do “regime ditatorial” da Síria.

MANIFESTANTES TOMAM PRAÇA UMAYYAD

A Praça Umayyad foi tomada na manhã desta segunda-feira para comemorar a queda de Bashar al-Assad no centro de Damasco, após a suspensão do toque de recolher noturno pelos rebeldes. “É indescritível, não pensávamos que esse pesadelo ia acabar”, disse Rim Ramadan, 49, funcionário do Ministério das Finanças.

A renúncia do presidente sírio coloca fim a mais de meio século de governo da dinastia fundada por Hafez al-Assad. Bashar, que chegou ao poder há 24 anos, foi para a Rússia, seu principal aliado, que lhe concedeu asilo, informaram as agências TASS e a Ria Novosti.

A casa do líder alauita foi saqueada após o anúncio de que a aliança rebelde liderada pelos islamistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS) entrou na capital, Damasco. “Vim para me vingar, eles nos oprimiram de uma forma inconcebível”, disse Abu Omar, um sírio de 44 anos. “Hoje não tenho mais medo”, completou. “A Síria é nossa, não da família Assad!”, gritaram combatentes nas ruas de Damasco.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp