Um adolescente francês é apontado como um dos principais financiadores de ataques coordenados contra pessoas vulneráveis no Brasil. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o jovem utilizava sua condição financeira para custear ações criminosas organizadas em grupos fechados na plataforma Discord, com foco em agressões a moradores de rua e maus-tratos a animais.

As informações fazem parte da segunda fase da Operação Nix, deflagrada nesta quinta-feira, 3, que investiga o uso de redes sociais para promover crimes digitais. A operação cumpre 22 mandados de busca e apreensão e outros nove de internação de adolescentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Pernambuco e no Distrito Federal. As ações contam com o apoio das polícias civis locais.

As investigações começaram em novembro de 2024, com a criação do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), órgão especializado em monitorar crimes virtuais. De acordo com os agentes, que atuam como “observadores digitais” infiltrados, os suspeitos constantemente se reorganizam em subgrupos — chamados de “panelas” — dentro da plataforma, dificultando o rastreamento.

Além dos ataques a vulneráveis, os investigados são suspeitos de envolvimento em crimes como estupros virtuais, divulgação de conteúdo sexual com menores, indução à automutilação e ao suicídio. Há ainda suspeitas de que membros do grupo tenham planejado ataques a escolas.

Na primeira fase da operação, realizada em novembro de 2024, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, quatro de apreensão contra adolescentes e dez de busca e apreensão.

Em junho deste ano, um adolescente de 17 anos foi apreendido em Recife. Segundo a polícia, ele já fez mais de 200 vítimas e teria participado de fraudes com uso de dados falsos em sistemas de instituições públicas e privadas.