Nova suspeita de fraude do Banco Master envolve fundos da Reag, alvo da operação Carbono Oculto
A nova suspeita de fraude praticada pelo Banco Master envolve o uso de fundos da Reag DTVM, empresa do setor financeiro alvo da operação Carbono Oculto, que investiga a máfia dos combustíveis e ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Essa suspeita de crime foi enviada no dia 17 de novembro último pelo Banco Central (BC) ao Ministério Público Federal (MPF) podem envolver R$ 11,5 bilhões.
Esses fundos, segundo a investigação do BC e repassada ao MPF, teriam sido utilizados para fazer aportes de capital no Banco Master para garantir a manutenção do seu funcionamento nos últimos meses deste ano.
Só que o BC tem elementos indicando que esses recursos estavam vinculados a ativos de baixa liquidez e que, na verdade, valiam muito menos do que o valor em que foram transacionados. Ou seja, não valiam o que estava registrado nas operações.
As operações, segundo as investigações de técnicos do Banco Central repassadas ao Ministério Público Federal, seguiam basicamente o seguinte modelo: o Banco Master fazia um empréstimo a uma empresa; essa empresa aplicava o dinheiro em fundos; o primeiro fundo comprava alguns ativos, como títulos, de baixíssima liquidez e com valor sobrevalorizado; um título que valia R$ 100 era vendido por R$ 1.000, num exemplo hipotético.
Nessa escala de operações, as empresas, ligadas a Vorcaro ou de pessoas de sua confiança, usavam fundos administrados pela Reag, que foi alvo da investigação da operação Carbono Oculto sob a suspeita de lavar recursos do crime organizado. A Reag está sendo investigada pela Polícia Federal.
O blog teve acesso a trechos da “Notícia de Fatos” enviada pelo BC ao MPF. O documento diz o seguinte: “Os fatos ora relatados apresentam indícios de crimes contra o sistema financeiro nacional, cometidos pelos administradores do Banco Master S/A, líder do conglomerado prudencial Master, e da Reag Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (Reag DTVM).
Gerenciamento de Riscos
Outro trecho do documento aponta ainda que “o banco Master, no período de julho de 2023 e julho de 2024, realizou operações estruturadas de crédito corporate no valor total de R$ 11,5 bilhões, com elevadas exposições a clientes, e em desacordo com os princípios de seletividade, garantia, liquidez e diversificações de riscos”. “Tais operações contavam com garantias vinculadas a fundos de investimentos, que fariam, em tese, o papel de fundos de liquidez, entre os quais Bravo 95 fundo de investimento multimercado”, prossegue o documento.
O BC diz que o Master não fez o gerenciamento adequado dos riscos de crédito e de liquidez desses ativos aplicados em fundos. Segundo técnicos, isso foi feito de propósito, para evitar que os valores desses títulos fossem reduzidos ao seu valor real. O valor inflacionado acabou sendo usado para justificar aportes de capital exigidos pelo BC no Master.
Em resposta ao Tribunal de Conta da União (TCU), o Banco Central justificou a liquidação do Master pelo “esgotamento de todas as alternativas de solução de mercado, a identificação de crítica situação econômico-financeira, que impediria a instituição de honrar as suas obrigações”, além da “verificação de irregularidades graves, com indícios de crimes que afetavam o valor dos ativos do conglomerado e comprometiam a sua solvência”.
O blog entrou em contato com o Banco Master para dar sua posição sobre a notícia de fato encaminhada pelo Banco Central ao Ministério Público sobre indícios de uma nova fraude. Até o momento as assessorias do banco e de Daniel Vorcaro não responderam.




