Funcionários de clínica interditada abandonavam idosos: maus-tratos e condições precárias.

funcionarios-de-clinica-interditada-abandonavam-idosos3A-maus-tratos-e-condicoes-precarias

Funcionários de clínica interditada abandonavam idosos e saíam para beber, diz paciente

Eles eram dependentes químicos e ex-internos de outra clínica do mesmo dono, disse a polícia. Idosa diz que pacientes eram tratados com gritos e sopapos.

Pacientes dopados e camas cheias de fezes: clínica clandestina é interditada por condições

Funcionários da clínica interditada em Joanápolis, distrito de Anápolis, no centro de Goiás, abandonavam idosos e saíam para beber, informou uma paciente. O estabelecimento foi fechado depois que a Polícia Civil encontrou camas com fezes, comida estragada e internos dopados no local.

“Eles saem 7h e voltam meia-noite tudo bêbado. Aí já começa a gritaria com a gente”, informou uma paciente à polícia.

Em entrevista ao DE, o delegado Manoel Vanderic, confirmou que os funcionários eram dependentes químicos e ex-internos.

“Estes funcionários não tinham experiência e capacidade para a função. Eram internos de outra clínica do proprietário, que havia sido fechada também pela Polícia Civil em 2024, em Abadiânia”, ressaltou o delegado.

A clínica foi interditada na sexta-feira (21), depois que a Delegacia do Idoso de Anápolis (Deai) recebeu uma denúncia. De acordo com o delegado, a clínica abrigava 13 idosos.

O dono da clínica é advogado, mas não teve o nome divulgado. O DE não conseguiu contato com a defesa dele. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informou que não tem conhecimento da ocorrência e ainda não sabe o nome do suspeito.

MAUS-TRATOS

O delegado perguntou à paciente como era o tratamento que recebia no local. A idosa afirmou que os funcionários tinham o hábito de gritar com os pacientes e que faltava atendimento específico de saúde.

“É um tratamento de maus-tratos. Trata a gente só gritando, conversa com a gente só gritando. Não tem médico, não tem psicólogo, não tem enfermeiro”, relatou.

De acordo com a paciente, os internos que necessitavam de mais cuidados, eram tratados ainda pior: “Maltratam com grito, com sopapo”.

A idosa disse ainda que os pacientes ficavam 24 horas com uma mesma fralda, que era trocada apenas na hora do banho. “E tem vez que não dá banho e com 24 horas só troca fralda”, contou ainda.

INTERDIÇÃO

O delegado Manoel Vanderic contou que, dos 13 idosos que estavam na clínica, dois saíram e a polícia resgatou 11. Segundo ele, o lugar “estava caótico”, com fezes e urina nos colchões, além de mau cheiro.

“Encontramos o lugar bem sujo, com fezes, urina, comida estragada, pouca comida na geladeira, comida perdida de um dia pro outro que eles comiam, guardada em balde. A geladeira sem alimento, produtos vencidos, comida muito fermentada já na panela na cozinha para o dia seguinte. A gente percebeu que alguns idosos estavam meio dopados. Alguns idosos estavam com muita coceira, com muita ferida no braço. A gente não sabe se é sarna ou se é uma reação alérgica ou de medicação”, descreveu.

Segundo o delegado, os idosos foram resgatados e triados pela assistência social do município de Anápolis. “Uma parte já foi entregue para as famílias, os outros estão acolhidos em abrigos daqui até a gente localizar os familiares”.

O delegado informou ainda que a internação custava entre R$ 1,8 mil e R$ 2,5 mil.

“Esse proprietário já foi preso em 2023 pelo mesmo crime, só que era uma clínica de dependentes químicos, que foi fechada em Anápolis por maus-tratos e falta de documentação. Ele foi indiciado já por maus-tratos, cárcere privado, apropriação da aposentadoria, retenção da documentação dos idosos e trabalho análogo ao de escravo em relação a esses funcionários”, relatou o delegado.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp