Fuvest 2026: Professores apontam equívoco em questão de matemática da prova (SEO)

fuvest-20263A-professores-apontam-equivoco-em-questao-de-matematica-da-prova-seo

Fuvest 2026: profissionais de preparação para vestibular identificam equívoco em questão de matemática

A Fuvest não se pronunciou sobre a contestação. O exame ocorreu neste domingo (23) e foi considerado ‘desafiador’. Os participantes tiveram cinco horas para responder a um total de 90 perguntas de conhecimentos gerais, no formato de múltipla escolha.

Professores de cursinho apontaram uma falha em uma questão de matemática da prova da Fuvest deste domingo (23).

Segundo o professor Giuseppe Nobilioni, coordenador de matemática do Objetivo, “a questão número 3, da versão V1 da prova de hoje, da primeira etapa da Fuvest, é uma questão na qual o examinador apresenta um texto e faz cinco afirmações sobre aquele texto, e nenhuma das cinco alternativas é definitivamente correta. Em cada uma delas pode ser que sim, pode ser que não. Não é possível afirmar que uma das cinco é correta”.

Portanto, para o Objetivo, não existe uma resposta para a questão entre as opções fornecidas.

Victor Pompeo, professor de matemática do Curso Anglo, está de acordo com o colega. “A questão 3 da prova V1 da Fuvest 2026 aborda uma eleição para um conselho composto por cinco membros, com sete candidatos inscritos e um total de 35 eleitores. O enunciado menciona um candidato, Aleph, que perde em todos os critérios de desempate e está calculando quantos votos precisa para assegurar sua eleição. Note o uso da palavra ‘garantir’ pelo enunciado: pede-se que ele tenha certeza de que será eleito”, explica.

“Ao solicitar ao estudante que analise cenários eleitorais diferentes para decidir qual está correto, a alternativa C, apontada pela banca da Fuvest como a resposta correta, afirma que, caso dois eleitores não compareçam, Aleph precisará receber cinco votos para ser eleito. Isso não é verdade, pois é possível que ele seja eleito com um voto se os outros receberem as seguintes quantidades de votos: 8, 8, 8, 8, 0 e 0. Todas as outras opções apresentam problemas semelhantes”, reforça.

Consultada, a Fuvest informou que só se manifestará caso algum candidato apresente uma contestação, que então será avaliada pela banca.

COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA

Os docentes de cursinhos pré-vestibulares consultados pelo DE consideraram a prova como desafiadora e inteligente, destacando também a interdisciplinaridade das questões.

Estão em disputa 8.147 vagas, com 111.480 inscritos no vestibular. A taxa de abstenção foi de 9,17%.

Neste ano, de acordo com a Fuvest, a prova abordou mais questões relacionadas a temas ambientais, sociais e econômicos contemporâneos, abordando assuntos que ganharam destaque nas redes sociais, como a demonização da CLT, a uberização do trabalho, a politização do carnaval, um questionamento sobre Caetano Veloso e temas geopolíticos importantes, como a tentativa de anexação de Essequibo, na Guiana, pelo governo venezuelano.

“A prova foi impecável, inteligente e desafiadora. Como já anunciado pela própria Fuvest, muitas questões interdisciplinares foram utilizadas, envolvendo geografia, sociologia, filosofia e literatura”, afirmou a professora Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo.

O diretor das unidades do Poliedro Curso, Luiz Otávio Ciurcio Neto, ressaltou a contextualização como ponto forte da prova deste ano. “A prova apresentou uma contextualização muito boa, mais do que nas edições anteriores. Mesmo nas questões mais técnicas e diretas, havia uma preocupação clara em apresentar situações reais e aplicações práticas dos conceitos. Isso fez com que o exame valorizasse o domínio teórico e a capacidade dos estudantes de relacionar conteúdos e identificar conexões entre diferentes áreas”, disse.

Prosseguindo, Ciurcio Neto mencionou que “a interdisciplinaridade teve um papel importante na prova. Era raro conseguir resolver uma questão apenas com um conteúdo isolado, já que, em praticamente toda a prova, era necessário articular temas diferentes para chegar à resposta. Esse modelo beneficia o aluno que consegue integrar conhecimentos e relacionar conteúdos”.

“A prova manteve seu tradicional nível de exigência, porém agora está ainda mais alinhada aos debates contemporâneos, além de dialogar melhor com a BNCC. Por fim, a adoção da nova identidade visual, com a reformulação da tipografia, logotipo e diagramação, tornou a leitura da prova mais dinâmica e agradável”, concluiu.

Na avaliação do diretor-executivo da Fuvest, Gustavo Monaco, a prova foi mais desafiadora do que nos anos anteriores, refletindo as alterações no Programa do Vestibular aprovadas no ano passado, com mais interdisciplinaridade.

Segundo a organização do vestibular, da lista de leituras obrigatórias, apenas “Nebulosas”, de Narcisa Amália, não foi abordado nas questões desta etapa, sendo que todas as outras oito obras selecionadas foram mencionadas em pelo menos uma pergunta.

Para Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo, a prova “foi bastante exigente em termos das abordagens propostas aos candidatos. E, em consonância com o que a banca vinha informando, houve uma maior interdisciplinaridade entre as diferentes disciplinas”.

“Nas questões que envolvem a interpretação de texto, apenas quatro trouxeram temas de outras disciplinas. O restante dos textos ou questões de interpretação de texto estava em diálogo com disciplinas como biologia, inglês, história, filosofia e sociologia”, afirmou.

Veja abaixo a análise dos professores por disciplina:

BIOLOGIA

Para Vera Lúcia, “a prova de biologia foi desafiadora, com várias questões interdisciplinares com o inglês. Foi abordado um tema contemporâneo, uma questão interessante sobre a biotecnologia. Assim, a prova trouxe um equilíbrio entre questões modernas e clássicas de biologia, incluindo botânica e ecologia”.

INGLÊS

A professora Vera avaliou a prova de inglês como “desafiadora”. “Os alunos precisavam ter domínio do vocabulário, não bastava saber a disciplina, era necessário dominar o vocabulário. Nível médio a avançado. Os textos longos também demandaram atenção”.

FÍSICA

Vera Lúcia considerou a avaliação de física bastante desafiadora. “Os textos longos foram um aspecto cansativo para os alunos mais inclinados para as Exatas. Foi necessário um conhecimento aprofundado da matéria. Questões que exigiam um entendimento mais profundo de física, mas a prova foi contextualizada e moderna. Destaco a questão que envolvia o cozimento do ovo e a outra sobre buracos negros e o efeito fotovoltaico. No entanto, não houve nenhuma questão sobre eletricidade. A física apresentou uma ampla variedade, desde conhecimentos básicos até questões mais aprofundadas”.

GEOGRAFIA

Altieris Lima, professor de geografia da Escola SEB AZ Lafaiete, comentou sobre a abordagem das mudanças climáticas, incluindo o sistema de crédito de carbono do Protocolo de Kyoto e o monitoramento de movimentos de massa por eventos climáticos extremos. Apesar de não ter havido questões específicas sobre a COP 30, o tema das mudanças climáticas foi relevante na prova.

PORTUGUÊS

Willy Rocha, professor de Língua Portuguesa da Escola SEB AZ Lafaiete, destacou a “interdisciplinaridade” da prova, ressaltando a abordagem diferenciada neste ano. “A prova foi muito especial, com um destaque para as 24 questões de língua portuguesa extremamente interdisciplinares. A abordagem deu destaque a Caetano Veloso, explicando a escolha do nome da irmã dele, Maria Betânia. Outra questão envolveu as obras ‘Caminho das Pedras’ e ‘As Meninas’, abordando as políticas e leis para as mulheres desde o ano de 1827 até 1977”.

HISTÓRIA

Para Vera, “há um destaque para o protagonismo indígena na parte de história”. “O tema abordou desde o Marco Temporal até a catequese estratégica dos indígenas, além da história da arte e a crítica de obras de arte, como a tela no Masp, retratando a capoeira e a visibilidade e crítica da cultura negra. Uma prova muito bem elaborada”.

QUÍMICA

A disciplina de química apresentou “cálculos simples, de um nível médio”, conforme a professora Vera. “Os alunos conseguiram responder com um conhecimento básico. Algumas questões propuseram soluções para situações-problema”.

CALENDÁRIO DA FUVEST 2026

– 2ª fase: 14 e 15/12/2025
– Específicas — Música: 9 a 12/12/2025
– Específicas — Artes Visuais: 11/12/2025
– Específicas — Artes Cênicas: 5 a 9/01/2026
– 1ª chamada: 23/01/2026

Os participantes aguardam ansiosamente os resultados da prova e seguem se preparando para as próximas etapas do processo seletivo da Fuvest 2026. A interdisciplinaridade e o nível de exigência proporcionados pela prova demonstram a importância da preparação abrangente dos candidatos.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp