Governo do Distrito Federal quer gastar até R$ 2 milhões em fechaduras e cadeados para prédio fechado há 14 anos e sem previsão de uso
Prédio foi ‘inaugurado’ por Agnelo Queiroz em 2014, mas nunca foi usado de fato. Vigilância atua no local para evitar invasões; DE aguarda resposta do governo sobre valores.
O governo do Distrito Federal abriu pregão eletrônico no valor de R$ 2,5 milhões para trocar fechaduras e cadeados do Centro Administrativo do Distrito Federal, o Centrad.
O complexo, que deveria ser a sede dos órgãos do DF, foi “inaugurado” em 2014 sem móveis e sem internet e nunca foi utilizado. Desde a tal inauguração, os 16 prédios que formam o Centrad estão de portas fechadas.
Apesar da recente licitação, o DE apurou junto a membros do GDF que não há qualquer previsão de ocupação, obras ou reforma do Centrad nos próximos meses.
Ou seja: mesmo se tiver cadeados novos, o espaço permanecerá fechado, sem uso e exigindo vigilância humana.
R$ 2 MILHÕES PARA CADEADOS E FECHADURAS
O aviso de licitação para a troca de fechaduras e cadeados do Centrad foi publicada em edição do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta segunda-feira (25).
O pregão prevê o valor estimado em mais de R$ 2,5 milhões para: “contratação de empresa especializada para prestação de serviços de chaveiro, incluindo o fornecimento de material (fechaduras e cadeados)” (veja detalhes abaixo).
Procurado pelo DE, o assessor especial do gabinete de governo, Marcelo Galvão, explicou que a licitação tem a intenção de “manter a segurança” do Centrad.
A reportagem questionou ainda a Secretaria de Economia sobre o valor da licitação e sobre a quantidade de fechaduras e cadeados que precisam ser trocados, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
SEM PLANOS DE OCUPAÇÃO
A ocupação do Centrad foi uma das promessas de campanha do governador Ibaneis Rocha (MDB). A promessa constava ainda no Plano de Governo publicado por Ibaneis quando tomou posse para seu primeiro mandato, em 2018.
Ibaneis chegou a dar prazos, mas nenhum deles foi cumprido.
Agora, com seu segundo mandato prestes a chegar ao fim, membros do GDF afirmam que ainda não existem planos de ocupação para o Centrad.
O assessor explicou ainda que a ocupação do complexo está em “fase estudos” pelo GDF, que ainda avalia e melhor forma de ocupar o complexo. Entre as possibilidades que, de acordo com Galvão, “estão na mesa”, o governo também avalia passar uma parte para iniciativa privada.
CENTRAD
Localizado entre Samambaia, Taguatinga e Ceilândia, o Centrad foi inaugurado em 2014 e deveria ser a sede dos órgãos públicos distritais.
O complexo foi idealizado pelo ex-governador José Roberto Arruda e tinha a intenção de, além de diminuir os gastos do GDF com aluguel, promover um contra-fluxo de trânsito entre o Plano Piloto e as cidades satélites.
Com 182 mil m² e 16 prédios, o Centrad nunca recebeu um único escritório ou órgão do GDF. Com as obras incompletas, o local ainda deve sua ocupação embargada pelo Ministério Público (MPDFT), que alegou irregularidades na sua inauguração. O MP embargou ainda a Carta de Habite-se do Centrad, documento que atesta conformidades de uma obra e regularidade para ocupação.