Por que empresas estão criando ‘gêmeas digitais’ de atrizes pornô com inteligência artificial?
Plataformas permitem conversas por texto, voz e imagem com versões virtuais de estrelas de filmes adultos. Especialistas alertam para dilemas éticos e legais.
Aubrey Kate é uma das atrizes que ganhou ‘réplica’ feita com inteligência artificial — Foto: Divulgação/Instagram da atriz
O uso de inteligência artificial chegou de vez ao entretenimento adulto. A startup SirenAI lançou no ano passado o AI Soulprint, uma plataforma que cria réplicas digitais de artistas adultos e permite que fãs conversem, ouçam e vejam versões virtuais de atores e atrizes pornô. As estrelas virtuais começaram a ser criadas em parceria com produtoras de conteúdo adulto e, em alguns casos, com as próprias “performers”.
As interações acontecem por texto, voz e imagem, adaptadas ao perfil e às preferências de cada usuário. Segundo a empresa, o objetivo é oferecer experiências “realistas e personalizadas”, simulando conversas e situações de forma única.
A expectativa é que, até o fim de 2025, a plataforma passe a permitir a criação de conteúdo adulto gerado por IA de forma ainda mais personalizada e automática. O lançamento dessa nova fase está previsto para dezembro, ampliando o leque de experiências virtuais oferecidas aos fãs.
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Em relatórios do setor divulgados neste ano, o lançamento do AI Soulprint é apontado como um novo marco para o mercado de entretenimento adulto. A área vem incorporando tecnologias como IA generativa, realidade virtual e aumentada e streaming em alta definição.
Essas inovações tornam o consumo mais imersivo e interativo — e ajudam a movimentar um mercado que deve crescer cerca de 9% ao ano, atingindo US$ 100,97 bilhões até 2029, segundo relatórios da empresa de consultoria The Business Research Company, sediada em Londres.
Entre os recursos oferecidos por ferramentas como essa estão:
Relação digital com inteligência artificial que aprende sobre usuários;
Réplicas adaptadas para refletir a personalidade e estilo de atores e atrizes;
Geração de fotos e interações em tempo real, sem conteúdo pré-gravado;
Compartilhamento de lucros com artistas originais.
Hoje, a inteligência artificial ainda é uma oportunidade de mercado que deve se consolidar nos próximos anos. O crescimento do conteúdo adulto é impulsionado pela popularização de plataformas por assinatura, como o OnlyFans, pela normalização do consumo de vídeos do estilo e pelo aumento de criadores independentes.
Aubrey Kate é uma das atrizes que ganhou ‘réplica’ feita com inteligência artificial — Foto: Divulgação/Instagram da atriz
Apesar das oportunidades, o avanço da IA levanta questões éticas e legais. Especialistas alertam para riscos no uso de imagens e vozes sem consentimento, para a falta de transparência nas interações com avatares e para o impacto emocional de experiências hiperpersonalizadas.
Nos Estados Unidos, novas legislações (especialmente na Califórnia), buscam proteger estrelas do pornô contra o uso não autorizado de réplicas digitais. A ideia é ajudar artistas, quando aumentar a concorrência com conteúdos gerados por IA e a exploração indevida de imagem e voz. Empresas como a SirenAI precisam se adequar a esse marco regulatório para garantir os direitos dos artistas.
Mesmo assim, investidores e empresas seguem apostando na tecnologia como uma nova forma de engajamento e monetização. Para analistas, o futuro do erotismo virtual dependerá do equilíbrio entre inovação, privacidade e consentimento. O debate está apenas começando.




