Geração canguru: por que os jovens escolhem não sair da casa dos pais?

geração canguru

A chamada ‘geração canguru’ está cada vez mais presente entre nós. Tal nomenclatura é recente, e serve para denominar jovens entre 25 e 34 anos de idade que ainda moram na casa dos pais. Quais são os principais motivos por trás desse desgarramento tardio?

O que é a geração canguru

Para entender mais sobre a geração canguru, o Diário do Estado conversou com Priscilla Lima, mestre e doutora em Psicologia Clínica e Cultura, professora associada e vice-diretora da Faculdade de Educação (FE – UFG).

“Geração canguru, síndrome do ninho cheio e geração boomerang são terminologias recorrentes nos estudos sobre família. É um fenômeno relativamente recente que remonta às últimas três ou quatro décadas. A literatura especializada começou a fazer referência a isso a partir do final da década de 1990 e início dos anos 2000”, explica.

Segundo ela, esse fenômeno trafega no caminho contrário do que acontecia até a década de 1990. Naquele recorte de tempo, havia a “síndrome do ninho vazio”,  que se refere à fase no ciclo de vida familiar das classes médias e altas quando os filhos saem de casa para construir suas vidas profissionais e relacionais de forma autônoma.

Hoje em dia, a geração canguru vem se solidificando com frequência crescente. No entanto, é um fenômeno que surge principalmente em famílias de classe média.

“Os jovens de classes baixas adentram à vida adulta de busca por trabalho e subsistência desde muito cedo, muitas vezes desde a infância. Então, ao falarmos sobre ‘geração canguru’ é importante destacar que existe nesse fenômeno um demarcador de classe muito grande”, complementa Priscilla.

Motivos por trás do fenômeno

Thais Andressa tem 31 anos e ainda mora na casa dos pais em Goiânia. Apesar de não participar do pagamento de contas, ela auxilia em relação à organização doméstica. Essa última característica aumentou nos últimos meses, após a jovem concluir o curso de Pedagogia.

De acordo com Thais, ela ainda mora com os seus pais principalmente por motivos financeiros, por não ter uma renda fixa. Contudo, o plano é sair da casa em breve, até porque, em seu círculo social, ela é uma das últimas pessoas com essa idade que ainda mora com os pais.

“Eu tenho expectativa de sair da casa dos meus pais logo, primeiramente pela idade que eu estou. Acho que já passei da idade de morar com eles, então eu espero que no máximo em um ou dois anos eu esteja com uma vida financeira mais estabilizada para poder morar com minha namorada”, conclui.

Vitor Amauri, que possui a mesma idade que Thais, vive um panorama semelhante. O jovem goiano não participa do pagamento de contas, mas ajuda na organização doméstica. A sua rotina diária consiste em sair de casa logo cedo pela manhã, retornando apenas na parte da noite.

Assim como Thais, Vitor continua na casa dos pais por questões econômicas. “Ainda moro com meus pais por motivos financeiros, principalmente porque os aluguéis de pequenos apartamentos estão com valores muito altos”, salienta.

No entanto, ao contrário de Thais, Vitor já tem data para sair de casa. Isso porque, em setembro, ele se casará e morará em um apartamento próprio com a sua futura esposa.

Explicações da Psicologia

Priscilla Lima reforça que a questão econômica é o principal fator por trás da geração canguru, sobretudo a incerteza em relação ao mercado de trabalho. Além disso, os jovens vêm apresentando mais dificuldades em ter uma autonomia própria e de encarar desamparo e obstáculos fora do núcleo familiar.

“Algumas pesquisas indicam que esses jovens valorizam bastante a estabilidade financeira como fundamento para morar sozinho e poder viajar, usufruir da vida antes de pensar em ter uma família, por exemplo. E isso implica, para eles, em ter um emprego fixo e um bom salário”, discorre.

Por conta da “supervalorização da juventude”, que não motiva os jovens a desejarem ser adultos, Priscilla analisa que o fenômeno da geração canguru não deve diminuir nos próximos anos.

“Enquanto as gerações anteriores almejavam adentrar à vida adulta e ser reconhecidos como autônomos e independentes, as últimas gerações têm feito um movimento ao contrário – desejam permanecer o maior tempo possível na juventude, seja por não desejaram adentrar ao mundo sério e comprometido da adultez, seja porque a própria sociedade supervaloriza a juventude em detrimento da vida adulta”, completa.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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