Gerente pede ‘nudes’ e ‘teste do sofá’ para mulher em troca de emprego

O gerente de uma loja foi condenado a indenizar uma mulher após pedir “nudes” e um “teste do sofá” para a jovem, de 19 anos, durante uma entrevista de emprego, na zona oeste do Rio de Janeiro. Além do homem, o Shopping Metropolitano Barra e a loja onde o funcionário trabalha também foram condenados pela Justiça carioca. 

O caso ocorreu em 2019, mas a vítima salvou as mensagens enviadas pelo recrutador. Na época, a jovem cadastrou o currículo na “Trabalhe Conosco”, do centro comercial. 

“Só trabalha quem manda nudes ou faz o teste do sofá”, diz uma das mensagens enviadas para a vítima.

Depois dos pedidos, a mulher registrou um boletim de ocorrência e conseguiu a condenação. Os réus ainda podem recorrer da decisão da 7ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. A vítima informou que ficou muito abalada e surpreendida com as mensagens. 

“Não estava nem esperando, ele me pegou muito de surpresa. Estava conversando comigo, marcando a entrevista e do nada já pediu um nude e apagou. Foi muito rápido e de surpresa. Era doida para conseguir uma vaga em shopping, era uma coisa nova pra mim, meu sonho. Fiquei muito abalada depois disso, estava precisando do emprego”, afirmou a jovem ao g1.

Na decisão, o juiz declarou que o episódio “extrapolou a esfera do simples aborrecimento”, além de “ocasionar grande constrangimento e situação aflitiva à autora”. Em nota, o shopping informou que esse foi um processo seletivo de uma loja, e não do local.

“O Shopping Metropolitano Barra repudia qualquer tipo de assédio ou violência, ressaltando ainda, que apenas divulga oportunidades de emprego disponibilizadas pelos lojistas em seu site, e, portanto, não tem acesso a quaisquer mensagens trocadas entre os envolvidos. Acrescenta, ainda, que confia integralmente na Justiça”, disse.

Mensagens trocadas entre a vítima e o gerente. (Foto: Reprodução/Metrópoles)

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Justiça condena ex-assessor de Bolsonaro por gesto associado ao supremacismo branco

A Justiça Federal do Distrito Federal condenou Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo crime de racismo. A decisão foi proferida pelo juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12ª Vara Federal de Brasília. Martins foi acusado de fazer um gesto durante uma sessão do Senado, em 2021, que foi associado a símbolos utilizados por supremacistas brancos.

Na época, Martins ocupava o cargo de assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República. O ato foi enquadrado em um crime previsto na Lei do Racismo, que trata de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Pena

O juiz determinou uma pena de 2 anos e 4 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto. A prisão foi substituída pela prestação de 850 horas de serviços comunitários e pelo pagamento de R$ 1 mil mensais, durante 14 meses, a uma instituição social indicada pela Justiça. Martins também deverá pagar uma multa de R$ 8.250 e uma indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil.

Na decisão, o magistrado ressaltou que o gesto, considerado supremacista, carrega uma intenção preconceituosa e de discriminação. “Uma manifestação pública e intencional, com sentido de que pessoas brancas são superiores, revela o preconceito e estimula ideias preconceituosas preexistentes”, afirmou o juiz.

Ele destacou ainda o impacto social do caso, considerando a posição de Martins como funcionário de alto escalão do Estado e o contexto de transmissão pública do ato. “Essa manifestação afeta o autorrespeito das pessoas e viola sua dignidade”, concluiu o magistrado.

Defesa e reação

A defesa de Filipe Martins criticou a decisão, classificando-a como um “ataque frontal” ao Direito Penal. Os advogados argumentaram que o gesto em questão possui múltiplos significados, é culturalmente desprovido de caráter ofensivo no Brasil e foi realizado de forma involuntária.

“Se prevalecer o entendimento adotado, qualquer cidadão poderá ser preso com base em interpretações fantasiosas de suas palavras e gestos”, afirmou a defesa, que confirmou que irá recorrer da decisão.

Histórico do caso

Filipe Martins havia sido absolvido em 2021 pelo juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, que considerou que não havia provas suficientes para o crime, apenas uma interpretação do Ministério Público Federal (MPF). Entretanto, o MPF recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que derrubou a absolvição e determinou a retomada da ação penal.

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