Socorrista que liderou retirada dos corpos em queda de helicóptero relata abalo da equipe após acidente: ‘Sensação de tristeza’
Acidente que vitimou o casal André Feldman, de 50 anos, e Juliana Elisa Alves Maria Feldman, de 49, em Caieiras (SP), completa uma semana nesta quinta-feira (23). O DE conversou com Juliano Souza, socorrista de São Roque (SP) que foi responsável por liderar equipe que retirou os corpos do casal.
Juliano Souza trabalha há 25 anos na concessionária responsável por atender o trecho — Foto: Comunicação Social CCR Autoban/Divulgação
“Nós temos uma sensação de tristeza que acaba acometendo toda a equipe, mas sabemos que parte desse trabalho que realizamos vai trazer conforto para a família.”
A frase acima tem servido de conforto e, até mesmo, como um mantra para a equipe de socorristas que, há exatamente uma semana, participou do atendimento às vítimas da queda do helicóptero em Caieiras (SP). O acidente resultou nas mortes do empresário André Feldman e da esposa dele, Juliana Alves Feldman.
Juliano Souza, de 40 anos, é de São Roque (SP) e trabalha há 25 anos como gerente executivo de atendimento pré-hospitalar (APH) na concessionária que administra o trecho da rodovia onde o acidente aconteceu. No dia 16 de janeiro, ele liderou a equipe de socorristas que retirou os corpos do casal do helicóptero.
Juliano foi um dos primeiros a chegar ao local do acidente e a fazer a retirada das vítimas. “Nossa equipe tem dez profissionais. Fomos acionados por volta das 6h15. No local onde o helicóptero caiu, fomos eu e mais quatro. Quando chegamos ao local, fizemos toda a inspeção para identificar se havia vítimas com vida, se havia risco de fogo por causa dos combustíveis. São os check-ins básicos que fizemos para realizarmos a operação”, explica.
Juliano Souza no local do acidente do helicóptero que matou o casal — Foto: Comunicação Social CCR Autoban/Divulgação
Após a chegada ao local, coube a Juliano fazer as primeiras avaliações do estado do casal dentro da aeronave. “Infelizmente, durante a avaliação, eu constatei que os dois já estavam sem vida. Informei a equipe da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre as vítimas e perguntei se autorizavam a retirada dos corpos”, relembra.
“Assim que autorizaram, nossa equipe começou a retirada dos corpos. Elas [as vítimas] estavam presas às ferragens e foi necessário o uso de equipamentos para cortar as partes da aeronave. O primeiro corpo que nós tiramos foi o do empresário e, depois, o da mulher. Posicionamos os corpos para que o helicóptero da FAB pudesse fazer o içamento e a retirada para a perícia”, completa.
Nesta quinta-feira (23), o acidente envolvendo o helicóptero completa uma semana — Foto: Comunicação Social CCR Autoban/Divulgação
O gerente não esconde que, diante de casos como esse, nos quais vidas são perdidas, se sensibilizar torna-se algo inevitável, mesmo com todo o preparo da equipe.
“Nós temos uma sensação de tristeza que acaba acometendo toda a equipe, mas sabemos que parte desse trabalho que realizamos vai trazer conforto para a família. É um momento triste, mas sabemos que fizemos o melhor e trouxemos conforto para as famílias, permitindo que prosseguisse com o sepultamento de seus entes queridos”, comenta.
Segundo Juliano, em casos de atendimentos difíceis como este, mas principalmente o pós-salvamento, é necessário que haja um apoio vindo da empresa onde trabalha para que os profissionais possam enfrentar situações semelhantes.
“Quando participamos de ocorrências que nos impactam emocionalmente, a empresa nos oferece total assistência, desde a gestão de pessoas, a saúde ocupacional e os psicólogos. Esse suporte é essencial e sempre busca cuidar da nossa saúde física e mental,” diz.
Na profissão do morador de São Roque, cada emergência atendida significa uma procura por aprendizado por parte da equipe. A ideia é tentar aprimorar ainda mais o resgate de outras pessoas e, assim, poder ter maiores chances de salvar alguém no futuro.
“Eu falo sempre que a ocorrência é como se fosse a primeira da carreira. Sempre saímos com a mesma vontade, com o mesmo objetivo, que é prestar um atendimento de qualidade até o último momento e aumentar a chance de sobrevida dos pacientes.”
Equipe coordenada por Juliano Souza foi responsável por retirar os corpos do helicóptero — Foto: Comunicação Social CCR Autoban/Divulgação
*Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida
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