Um professor de matemática do Colégio Metropolitano, alunos perceberam que no quadro estava escrito “Viva a 31 de março”. Ao ser questionado pelos alunos, a mãe relata que eles foram respondidos por muita violência.
Um pai, foi quem gravou os prints e levou a escola para denunciar o professor. Uma das alunas que estava na aula, foi atingida durante o tiroteio no Colégio Goyazes aconteceu em 20 de outubro de 2017 e acabou ficando paraplégica.
A mensagem “viva a 31 de março” é uma comemoração à nesta quarta-feira, 31, de 57 anos, desde que o Congresso Nacional depôs o então presidente João Goulart e uma junta militar assumiu o poder, dando início a ditadura que durou por 20 anos no país, até 1985.
Entre os prints, mostram mensagens afirmando que “ditadura militar não é comemoração”, além de ironias que era para 01 de abril, dia da mentira. O professor também foi chamado de genocida.
“Hoje meu filho Pedro me chamou para perguntar o que aconteceu dia 31 de março. Eu pensei que ele estava tendo aula de história, e então expliquei para ele que foi dia que houve o golpe militar no Brasil. Disse para ele que conheço pessoas que são torturadas, que sou indignado porque ele estava perguntando sobre o assunto e ele me disse que os alunos estavam chamando o professor de matemática de genocida. Ele me mostrou o canto do quadro e eu fiquei muito nervoso.”, disse Márcio, pai de Pedro, estudante do Metropolitano.
Ele ainda relata que conversou com o dono da escola que em seguida ligou para o professor retirar a comemoração do quadro e afirmou tomar providências. “Ele entrou online e se desculpou com os alunos. A menina que ficou paraplégica durante o atentado disse que não consegue assistir aula desse professor porque o estilo dele lembra o JC, o autor do atentado.
“Eu quero pedir desculpas para vocês. Não autorizo nenhum professor a nenhuma manifestação. Isso não é papel do professor e da escola. Eu queria que vocês tivessem a grandeza de não entrar no embate com ele. Ele precisa ser profissional e vocês também. Cada um pode pensar o que quiser, mas cada um respeita o outro. Não é pagando com a mesma moeda que vamos resolver. Vocês sabem o quanto eu gosto de vocês e os respeito. Queria que continuássemos essa convivência”, disse o diretor do colégio aos alunas após o professor ser retirado da aula.
Nota da instituição
Ao jornal Diário do Estado, o diretor do colégio explicou que o professor estava licenciado remotamente e que não verbalizou em nenhum momento a celebração. “Ninguém perguntou e não foi falado. Se eles falaram foi por meios particulares e eu não tenho acesso. Nos meios que a escola usa, que eu inclusive tenho gravado, não foi pronunciado nada. Ele não se manifestou. Estava na casa dele, no quadro, no cantinho escrito “Viva 31 de março.”
Ele acrescenta que, quando teve conhecimento do fato entrou em contato com o professor. “Eu o repreendi. Ele retirou imediatamente. Nesse meio intervalo entrei online com os alunos e me desculpei.” O diretor ainda afirma não aceitar “esse tipo de manifestação em relação a nenhum assunto e posicionamento.”
“Em sala de aula as pessoas estão ali consumindo conteúdo. Opinião de professor sobre religião, sexualidade, política, são particulares.”, declara. “Eu não vou dizer que foi uma apologia. Estava escrito na casa dele. Por ser sala de aula está errado, mas não acredito que seja apologia a tortura. O comportamento eu acho errado, mas não quero extrapolar.”