A fila de espera para adoção em Goiânia conta com 330 pessoas habilitadas no cadastro nacional, enquanto que o número de crianças e adolescentes esperando por um lar está fixado em seis, segundo levantamento realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). Até novembro do ano passado, o número de crianças a serem adotadas estava em 12. Ou seja, em oito meses, 50% delas conseguiram um novo lar.
Em Goiás, como um todo, não é diferente. Em 2019 e 202o, por exemplo, foram realizados 32 e 31 processos de adoção, respectivamente. Já em 2021, esse número chegou a pelo menos 35 processos. O aumento está ligado à mudança na Lei nº 13.509, de 2017, que altera a Lei de nº 8.069 para dispor sobre questões como a entrega voluntária, destituição do poder familiar, acolhimento, apadrinhamento, guarda e adoção de crianças e adolescentes. Para a Juíza da Primeira Vara da Infância e Juventude, Maria Socorro de Souza, o número também pode estar ligado a pandemia.
“Acredito que um dos motivos é a reflexão de que devemos preencher a nossa vida de uma forma mais substanciosa. Aquela desejo intenso que move as pessoas para adotar foi potencializado pela solidão, afastamento social e a vontade de fazer o bem. Não é só o adotado que recebe o amor e tem vantagens. Evidentemente quem adota também é muito gratificado. Acaba se realizando como pai ou mãe, mesmo que de forma adotiva”, explica.
Família
Construir uma família e adotar uma criança sempre fez parte dos planos do empresário Gleidson Henrique Silva Santos e da Analista de RH, Mariele Santos Silva. Em 2012, eles entraram com um pedido para serem incluídos no Cadastro Nacional de Adoção, que reúne dados de casais interessados e crianças disponíveis para novos lares. Após 2 anos de processo, finalmente eles foram incluídos.
No entanto, eles se deparam com um grande obstáculo, a fila de espera. Porém, os dois decidiram procurar entre os abrigos do Estado, e assim, em 2015, o pequeno Gabriel Henrique de Assis, na época com 3 anos de idade, entrou em suas vidas. Aos poucos, os três foram criando um vínculo muito forte e um amor floresceu. Hoje, aos 9 anos, o garoto é a alegria da casa.
Para a Analista de RH, uma das maiores dificuldades de se adotar é o tempo na fila e o perfil da criança, já que muitas crianças aptos para a adoção possuem idades avançadas ou estão em grupos de irmãos. Entretanto, Mariele diz que o maior obstáculo é o desvinculo da criança com a família biológica.
“Durante o processo fizemos algumas entrevistas, alguns processos com psicólogos e finalmente conseguimos entrar na fila de adoção. A primeira coisa que fizemos foi olhar a lista, a principio queríamos adotar uma criança, mas a ideia foi amadurecendo e decidimos adotar duas. Quando descobrirmos o Gabriel, eu falei com meu marido já que ele estava a 220 km de distancia da nossa casa. Ao chegar vi aquele menino pequeno e gorducho. Confesso que não foi aquele amor a primeira vista, mas após algumas visitas tivemos a certeza. Cerca de seis depois conseguimos a sua guarda”, disse Mariele.
Adoção
Segundo a juíza Maria Socorro, o processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida
“O candidato, seja um casal heterossexual ou homossexual, precisa procurar nossa equipe técnica com documentos pessoas e um atestado físico e psicológico, além de praticar o curso preparatório para adoção. Caso seja aprovado será encaminhado para o sistema de adoção. Então será chamado de acordo com o perfil escolhido. Temos um prazo máximo até seis meses para finalizar”, concluiu.