A estimativa da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) é de fechar o ano de 2021 com um crescimento de 20% a 30% nas vendas de imóveis, em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (14), em coletiva de imprensa. Segundo a Ademi, este é um dos melhores anos da história do setor imobiliário.
No intervalo entre janeiro a setembro de 2021, o mercado vendeu 7.775 imóveis, o que representa aumento de 50% em relação às vendas do mesmo período de 2020, que foram de 5.168 unidades. De agosto para setembro deste de 2021, as vendas aumentaram 42% e, em setembro, chegaram ao total de R$ 440 milhões. O ápice de vendas em 2021 ano se deu em janeiro, com 1.337 negócios fechados no mercado imobiliário de Goiânia e Aparecida, que representaram um R$ 438 milhões.
Impacto da pandemia na venda de imóveis
No entanto, apesar do crescimento, a pandemia impactou do ponto de vista da paralisação de algumas obras, que pode atrasar algumas entregas de imóveis. Ainda segundo a Ademi, o custo das construções também foi elevado. “Economistas estão dizendo que foi a maior inflação no custo de produção dos últimos 40 anos”, citou o presidente da Ademi, Fernando Rasuk. Por outro lado, parte do aumento de custos foi repassado ao valor dos imóveis. “A valorização dos imóveis em Goiânia chegou à casa de 40% neste ano”, explicou.
Plano diretor
Segundo a Ademi, o número de empreendimentos lançados esbarra na falta de aprovação do novo Plano Diretor de Goiânia.
“Isso gera uma insegurança enorme para os empreendedores. No nosso entendimento, o Plano Diretor já foi amplamente discutido. São quatro anos já. Então, estamos na expectativa de que seja aprovado”, afirmou o presidente da Associação.
A cada dez anos, segundo o Estatuto das Cidades, o Plano Diretor precisa ser revisto. O da capital de Goiás está desatualizado desde 2017. Nesta segunda-feira, aconteceu a segunda audiência pública para discutir o documento. A previsão é votar o relatório final no dia 20 de dezembro.
Segundo o presidente da Ademi, a curto prazo, o novo Plano Diretor influencia pouco no mercado imobiliário. Já a médio e longo prazo, deve haver valorização de imóveis “mais desejados”.
“Como vai haver um controle de adensamento, isso foi uma pressão da sociedade e entendo que isso é benéfico para a cidade. No entanto, pressiona a redução da oferta e a tendência é de aumento de preço”, detalhou.
Compra de imóveis populares diminuiu
As vendas de imóveis de até R$ 400 mil diminuíram, quando comparados os meses de setembro de 2020 e 2021. Nas categorias que incluem lofts e estúdios, por exemplo, em setembro de 2020, foram 92 vendas líquidas. Já em setembro deste ano, elas caíram para 4. Entre os imóveis de R$ 190 mil, o número de vendas caiu de 513 para 335. Em imóveis de R$ 190 mil a R$ 400 mil, o número caiu de 268 para 198.
Porém, entre os imóveis mais caros, a tendência foi de aumento de vendas. Os de valor entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão, saltaram de 33 para 44. Em setembro de 2021, na venda de imóveis de luxo, foi vendido um imóvel a menos entre os que custam até R$ 2 milhões (33 no total), em relação ao mesmo mês de 2020, quando foram vendidos 34 imóveis. Entre os imóveis de mais de 2 milhões de reais, houve aumento de duas vendas (10 em 2020 e 12 em 2021).
Nesse sentido, segundo o presidente da Ademi, 2021 foi um ano desafiador para quem produz habitação popular, para pessoas de baixa renda. O Casa Verde e Amarela, programa do governo federal para moradia, limita o preço da venda de imóveis a, no máximo, R$ 210 mil em Goiânia. O aumento da inflação e custos de produção prejudicou os lançamentos.
“Isso inviabilizou a grande maioria dos empreendimentos de baixa renda. Houve queda significativa no volume de lançamentos desses empreendimentos quando se olha historicamente. A Caixa Econômica Federal está revendo esta questão do preço máximo dos imóveis”, detalhou.
Perspectivas para 2022
Por fim, conforme detalhado na coletiva, ano que vem será um ano desafiador, com expectativa não de crescimento, mas de manutenção dos números de 2021. Com o aumento da inflação, os preços dos imóveis tendem a continuar subindo.
No entanto, outros fatores devem ajudar a compensar os desafios e manter o mercado equilibrado. “Os juros do financiamento são atraentes. Com toda a alta da taxa Selic, os juros do financiamento imobiliário continuam na casa dos 8% a 9% ao ano. Para qualquer outro produto, como carro, a gente fala de até 15% ao ano. Há ainda a instabilidade política, em um ano eleitoral, onde o investidor acaba indo para a compra de imóvel, por conta de o mercado financeiro se manter instável”, detalha o presidente da Associação.